segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Homem que Roubava Vinhos - por Elmo Dias


O Homem que Roubava Vinhos - por Elmo Dias

Não eram nem onze horas da manhã quando colocaram o sujeito sentado na minha frente.

Bem apessoado, barba recém feita, perfume masculino daqueles antigos rescendendo na sala.

Normalmente de cara já sei que tipo de vagabundo é, mas não consegui sacar aquele sujeito no primeiro momento.

Me trouxeram o auto de prisão em flagrante. Li a descrição do crime, achei até engraçado.

- Ladrão de vinhos, então? – olhei nos olhos do homem, olhos azuis num rosto moreno.

Muito incomodado, tremia um pouco. Não falou nada.

- Olha, faz tempo que eu sou delegado, mas confesso que não tinha ainda prendido um cara especializado em vinhos. Tem os caras do rolex, tem os caras que roubam notebook e depois pedem resgate, tem até os caras especializados em Louis Vuitton, mas vinhos...

O escrivão entrou na sala, sentou no computador pra começar a digitar o depoimento.

- Qual a idade dele? – perguntei pro escrivão.

- Quarenta e dois anos, doutor.

- Natural de Curitiba mesmo?

- Não, aqui no RG diz que nasceu em Itaqui, Rio Grande do Sul.

Peguei a ficha de novo. Mordecai.

Nome de crente.- Me conta lá, Mordecai. Como te pegaram?

Me olhou angustiado, contraiu os músculos da face pra falar. Recuou, engolindo o que ia dizer.

- Olha, se você não falar nada vai piorar as coisas.

Não era bandido. Bandido eu conheço, tem os olhos de cachorro traiçoeiro. Puxa teu saco ou se humilha, ou então tá acostumado com a coisa toda, e daí só espera a hora de assinar o depoimento.

- Não falo mais isso pra ninguém, até porque o cinema já tratou de deixar isso dito, mas você tem direito a um advogado. Quer fazer uma ligação?

Testa franzida, espremeu a boca com força e disse que não.

- O que é um “mutôn” ? – perguntei, lendo o B.O.

Seu rosto tomou um pouco mais de cor.

- Um vinho francês, delegado.

Me tratava pela função. Se dava ao respeito.

- Samuca, liga pro Demétrio. – falei pro escrivão – pergunta se ele pode vir aqui.

O escrivão saiu, foi ligar pro Demétrio, um colega da escola de polícia, bebedor de vinho, gastador, metido a grã fino.

Uns vinte minutos depois, Demétrio entrou pela porta. Paletó xadrez, gravata borboleta, cachimbo na mão.

- Demétrio, apaga esse pito que vai ficar todo mundo fedendo aqui!

Levantei e dei um abraço nele.

Pegou o cachimbo de madeira escura e bateu no cinzeiro.

- Virmond, esse caso é pra mim mesmo... - falou dando uma risada marota.

Sentou na cadeira que ficava na ponta da mesa, pegou o auto de prisão, puxou os óculos pra cima do nariz e começou a ler com os olhos brilhando, instigado.

- O que você fez com essas garrafas, seu Mordecai?

O homem devolveu a pergunta baixinho.

- Qual delas ?

- Esse Ornellaia 2004, por exemplo?

- Ah, delegado. Tá guardado, né?

O Demétrio anotou alguma coisa, concentrado.

- Ô indivíduo, vc trata o doutor com respeito, viu, já acabo com a moleza que tô te dando... – dei uma engrossada.

- Deixa, Virmond – o Demétrio pegou no meu braço – tá tranquilo.

- E essa caixa de Vega Sicília Valbueña 2002?

- Também adeguei. É tudo Magnum.

Eu estava boiando. Mas o Demétrio pareceu ter um pequeno chilique.

- Magnum? Rapaz! – ele pareceu animado. Anotou mais alguma coisa. – Samuca, quando prenderam o Mordecai aqui, ele tinha documentos?

- Tinha sim, doutor.

- Tinha passaporte?

- Humm... parece que sim.

- Veja lá e me traz, se tiver.

O escrivão saiu da sala.

- Que porra é essa, Demétrio? Pode ir me falando! – intimei.

- Calma, Virmond. Tá tudo bem, deixa comigo.

Fiquei olhando a bigodeira branca do Demétrio, cobrindo o lábio superior, descendo pelas laterais da boca. Parecia o Rui Barbosa.

- Tá aqui – o Samuca voltou, deu o passaporte pro Demétrio.

Ele ficou uns segundos folhando o documento.

- Espanha, Itália, França, Portugal... um cara velho-mundista, certo?

- É a sequência natural das coisas, não doutor?

Doutor. O meliante já estava pegando intimidade, perdendo a formalidade.

Demétrio não se abalou.

- É, pode ser. Agora, este Mouton aqui, 2000, Jeroboam... é picardia sua, não?

Fazia tempo que eu não ouvia essa palavra. Picardia. Fiquei até me perguntando se tinha ouvido.

- Não, doutor, não é não...

- E aonde diacho você ia achar isso?

- Ah, doutor, essa foi realmente difícil. Um industrial argentino, casa em Punta.

- Porra, você tá precisando é da Interpol! O que a gente vai fazer com um cara desse naipe, Virmond?

– Demétrio me olhou, claramente ainda se divertindo com a coisa.

- Sei lá, Demétrio. Quanto valem esses mutôn, nêga cecília, esses nomes todos aí?

O tal Mordecai deu risada.

- Tá rindo do que, vagabundo? – levei a mão no revólver e levantei.

- Calma, Virmond. O cara é da leve. – Demétrio interviu, rindo mais que o ladrão.

Mordecai tinha parado de rir imediatamente, mas nem me olhava mais. O negócio dele era com o Demétrio já tinham se afinado.

- Agora, uma coisa tá me intrigando – Demétrio falou – aqui tá dizendo que te pegaram roubando aqui no Brasil, num supermercado... é isso mesmo?

O larápio enrubesceu. Baixou a cabeça.

- Foi sim senhor, doutor Demétrio.

- Mas o que tu tava roubando aqui, infeliz, e em supermercado?

Silêncio total.

- Fala, Mordecai – Demétrio fez uma inesperada cara de esperançoso.

- Não me lembro, doutor.

- Samuca, me traz aquele pacote que está com as coisas dele – Demétrio falou pro escrivão.

Voltou com uma sacola de supermercado, esticada, uma garrafa dentro.

Demétrio colocou em cima da mesa, enfiou a mão dentro. Tirou uma garrafa bonita, um rótulo com um rabo de pavão, um desenho meio dourado.

- Cara, tu é um doente mesmo... – Demétrio ficou meio indignado – o que você vai fazer com esse Salton Talento? Guarda? Degustação às cegas? – Demétrio caçoava, tripudiava a olhos vistos...

- Boeuf bourguignone...

Elmo Dias é advogado civilista, presidente da Afavep, pescador, tenista, enófilo e cronista nas horas vagas (bem vagas)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Degustação ás Cegas: Cortes Bordaleses pelo Mundo - por Ikuyo Kiyuna


No dia 15 de julho passado participei de uma degustação de vinhos tintos de cortes bordaleses do mundo - comandado pelo competentíssimo André Logaldi - na ABS-SP.


Os cinco vinhos de diferentes países de origem foram:


- Viña Alicia Morena 2003 do produtor Peñiwen S.A. (Luján de Cujo/Argentina, 14%);

- Paul Sauer 2005 do produtor Kanankop Estate Wine (Simonsberg Stellenbosch/África do Sul, 14,5%);

- Sideral 2003 do produtor Altair Vineyard & Winery (Cachapoal/Chile, 14,5%);

- Burdese 2005 do produtor Planeta S.S (Sicília/Itália, 14,5%);

- Calchetas 2005 do produtor Bodegas Viña Magaña S.L (Navarra/Espanha, 14,5%).


A degustação foi às cegas sendo os vinhos servidos um a um com um tempo suficiente para degustação e análise individual.


Taça 1.

Cor: rubi levemente evoluído.

Nariz: geléia, especiarias, herbáceo, tostado.

Boca: boa acidez, taninos rústicos com leve amargor, persistência média.

Retrogosto: licor lácteo. Sobrou álcool.

(nota: 88 pontos)


Meu chute: aqui tem algo de “aroma de Bordeaux” mesmo com esta geléia: acho que é o Planeta.


Taça 2.

Cor: rubi escuro.

Nariz: de imediato, “aroma de Rapel”, isto é, cassis + goiaba vermelha + herbáceo.

Boca: acidez média, taninos finos, chocolate, cassis, persistência média.

Retrogosto: muita madeira na boca, desagradável.

(nota: 88 pontos)


Minha avaliação: com este “aroma de Rapel”, só pode ser o chileno!


Taça 3.

Cor: rubi.

Nariz: Cassis, herbáceo fino.

Boca: acidez média, sobrou álcool, persistência média.

(nota: 89 pontos)


Meu chute: sugere vinho de clima frio, algo de Bordeaux: sul africano?


Taça 4.

Cor: rubi denso.

Nariz: geléia de frutas vermelhas, floral depois de muito tempo na taça.

Boca: boa acidez, longo, complexo, retrogosto lácteo.

(nota: 90 pontos)


Meu chute: este retrogosto lembra muito o jeito dos vinhos espanhóis, algo de carvalho americano.


Taça 5.

Cor rubi evoluído.

Nariz: pouca fruta, algo de geléia, evoluído.

Boca: boa acidez, taninos amargos, sobrou álcool.

Retrogosto: lácteo.

(nota: 85 pontos)


Meu chute: este vinho ”passou do ponto” de evolução, só pode ser o Viña Alicia Morena 2003, pois o outro vinho da mesma safra é com certeza o chileno.


Claro que o raciocínio não foi assim tão linear e simples, tive que rascunhar várias vezes a cada vez que era acrescentado um vinho na lista.

Justiça seja feita, em nome do aprendizado, em relação ao vinho de Navarra: foi o único a merecer “boa acidez, longo, complexo, lácteo”. No meu critério objetivo, são indicadores de vinhos que merecem 90 ~ 94 pontos. Mas o impacto inicial não era favorável, por causa da “geléia” e os aromas finos tipo floral, licor de cassis, balsâmico, apareceu muito tempo depois na taça, quando já tinha até desistido.

Esta demora, analisando em retrospectiva, é até indicador da capacidade de evolução na garrafa deste vinho, sinal positivo de que tem estrutura para evoluir. Mais uma lição aprendida neste complexo mundo do vinho.

Mesmo sem ter muita certeza, identifiquei todos os vinhos. Valeu!


Ikuyo Kiyuna
Engenheira Agrônoma e Mestre em Economia Agrária. Detentora de Wine & Spirit Education Trust (WSET) Advanced Certificate in Wines and Spirits emitido pela Qualifications and Curriculum Authoriy de Londres.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Jantar com vinhos da Córsega

Responda rápido, onde fica a Córsega?

Ao contrário do que muita gente pensa, a Córsega é uma ilha francesa e não italiana, situada bem próximo às ilhas da Sardenha e da Sicília, que são territórios italianos.
Talvez por esse motivo muitas pessoas confundam e acabam achando que a Córsega é italiana.

Particularmente eu nunca havia provado os vinhos da Córsega, até que descobrimos o Empório Sorio, que faz a importação exclusiva aqui no Brasil de vários vinhos da região.

Novamente "los 3 amigos" reunidos para um jantar, desta vez aqui em casa, prontos para descobrir quais segredos essa ilha francesa nos reserva.

Iniciamos a noite com o branco Domaine de Lischetto, Chardonnay 2008 acompanhado por bruschetas de cebola ao açafrão.

Cor: Amarelo Palha Escuro
Aromas: Abacaxi, baunilha com um toque adocicado e algo herbáceo.
Paladar: Corpo leve com uma boa acidez, álcool na medida, equilibrado e persistente.
Um vinho elegante que vale a pena provar.

Para o meu paladar harmonizou muito bem com as bruschetas.

Ainda estávamos comendo as bruschetas quando percebemos que o vinho já havia acabado.
Isso é sempre um bom sinal, indicando que todos gostaram do vinho.

Automaticamente partimos para o segundo vinho, o Terra Mariana, Pinot Noir 2007


Cor: Violeta translúcido com aura violácea.
Aromas: Aromas refrescantes que lembravam cerejas frescas evoluindo para aromas de couro com um toque herbáceo e de café.
Paladar: Corpo leve com taninos leves e uma acidez um pouco abaixo da esperada.
Mesmo assim o vinho se mostrou redondo e elegante.

Enquanto degustávamos este vinho, as bruschetas acabaram e partimos para o macarrão ao molho de alecrim.

Harmonizando com a bruscheta não ficou muito bom, a comida estava muito condimentada para o vinho acompanhar, mesmo com o macarrão, faltou potência do vinho para acompanhar a comida.

Em seguida partimos para o terceiro vinho da noite, outro Domaine Pasqua, um corte de Cabernet Sauvignon e Syrah da safra 2004.

Cor: Rubi profundo, brilhante e aura com reflexos violáceos.
Aromas: Aromas de média potência que lembravam frutas negras, levemente adocicado com um toque floral.
Paladar: Corpo médio com uma boa acidez, taninos suaves mas presentes. Um bom vinho, equilibrado.

Neste caso harmonizou muito melhor com o macarrão do que o pinot noir.

Ao final desta garrafa, ainda tínhamos o derradeiro desafio: a sobremesa.
Uma massa folhada acampanhada de nutela com creme de leite.

Para esse prato ainda havia o vinho Domaine Pasqua, “Vin Doux Chardonnay”, um vinho de colheita tardia produzido somente com a uva Chardonnay.

Cor: Dourado, brilhante e limpo
Aromas: Aromas de media potência que lembravam abacaxi em calda, doce de laranjas, damascos e um toque cítrico.
Paladar: Um vinho doce sem ficar enjoativo, com uma boa acidez e com grande persistência.

Na minha opinião harmonizou muito bem com a sobremesa.


Enfim, chegamos ao final da nossa aventura pela região da Córsega, onde provamos bons vinhos que nos surpreenderam com suas características de terroir que os tornam diferentes de vinhos produzidos em outros países com as mesmas castas.

Na minha classificação pessoal, ficaram nessa ordem

1 - Domaine de Lischetto, Chardonnay 2008
2 - Domaine Pasqua, “Vin Doux Chardonnay”
3 - Domaine Pasqua, Cabernet Sauvignon -Syrah 2004
4 - Terra Mariana, Pinot Noir 2007

Se você quiser provar os vinhos da Córsega, é só entrar em contato com o pessoal do Empório Sorio para adquirir seus vinhos e tirar suas próprias conclusões.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Quinta do Encontro Colheita Selecionada


Este vinho foi comprado para acompanhar uma bacalhoada, mas acabou ficando esquecido por um tempo dentro da minha adega.

Logo que descobri que ele estava lá, tratei de encontrar uma oportunidade de prová-lo

O Vinho: Quinta do Encontro Colheita Selecionada

Safra: 2004

Uvas: Baga, Touriga Nacional, Castelão

Comentários:
Na taca apresentou uma bonita coloração vermelho profundo com aura levemente alaranjada.

Aromas de media potência que lembravam frutas vermelhas frescas com um leve toque mentolado, amendoado e tabaco.

Na boca mostrou um corpo médio, taninos macios e uma leve acidez que não atrapalha em nada, pelo contrário, deixa o vinho mais gastronômico.

Deixou um retrogosto frutado e de média persistência e um fundo de taça frutado com um toque de defumado.

Para o meu gosto este e um ótimo exemplar de vinho português, bem gastronômico e equilibrado. Vale a pena provar

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Amizades, Vinhos e Geometria - por André Logaldi

Amizades, vinhos e geometria - por André Logaldi

Permitam-me viajar apoiado em palavras, usar frases descontextualizadas com as melhores das intenções, desconstruir idéias para montar uma nova paisagem ilusória, um quebra-cabeças de peças estranhas à sua própria origem.

Recentemente estava lendo sobre geometria, para ver se meu cérebro cansado das mesmas conexões poderia se abrir para novas dimensões, na verdade, realidades que estão nos rodeando e não temos suficiente abstração para brincar com elas. Sempre em tom de brincadeira, leia-se sem compromisso com rigores tecno-científicos, minha marca registrada, me deixei levar por frases como “as realidades física e matemática não são coincidentes”, ou quem sabe “grandes círculos são necessariamente curvas fechadas”. A explicação desta última dentro de um contexto lógico para os profissionais da área, é que no plano de uma esfera não existem retas paralelas verdadeiras, ou seja, todas elas se encontrarão em algum ponto.

Meu devaneio é extrapolar esta realidade singular para outras naturezas de esferas ou círculos, como as amizades, sobretudo as que eu tenho feito no mundo dos apreciadores de vinhos. Qual é o ponto? Principalmente o fato de que navegamos talvez em um pseudo-paralelismo por uma mesma realidade que se encontra ou encontrar-se-á num mesmo fim. Cada qual com suas singularidades e habilidades, todos partimos e retornamos ao mesmo ponto: o da celebração de nossos laços de amizade por meio das mais diversas formas de expressão e linguagem. A mesma amizade que ameniza os momentos de dor da realidade. Nossa fuga em direção ao prazer, mostra elementos de partilha. O apreço pelos vinhos é um destes nossos “dialetos” comuns. Falamos sobre vinho como um modo de demonstrar que carregamos conosco uma marca real de nossos diversos, etéreos e mutáveis estados de espírito. É, de novo, um conceito de abstração escolhendo um representante legítimo no mundo físico. Quantas vezes não identificamos a necessidade de buscar uma fonte de prazer á altura exata de nosso status emocional? Como grandes círculos fechados em si, nos encontramos incessantemente por meio dos mesmos instrumentos. Buscamos com alegria, encontrar um pouco de nós no outro. Quantas vezes eu não joguei uma reflexão, uma piada ou sentimento ao alto e recebi de volta um enorme feedback? Não estamos sozinhos, alguns estão situados em uma área de paralelismo um pouco mais distante, não tão óbvia, mas o que importa? Pretexto para mais um brinde, que seja, mas não me furto ao direito de celebrar a racionalidade, a abstração, os sentimentos humanos e as grandes amizades. Tudo temperado com um pouco de vinho e nossa saudável loucura, nosso descompromisso pueril, por vezes massacrado pelo lado negro da realidade.

André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Santa Rita Medalla Real


Como sempre escrevo aqui, não sou um cara que gosta de comprar o mesmo vinho mais de uma vez. Só se eu gostar muito, e este aqui foi um desses que me agradaram bastante.

O Vinho: Santa Rita Medalla Real

Safra: 2005

Uvas: 100% Cabernet Sauvignon

Comentários:
Na taça mostrou uma cor vermelho profundo com uma aura levemente alaranjada, brilhante e pouco translúcido.
Chega ate a tingir levemente a taça de vermelho.

Aromas de média potência que lembram frutas vermelhas em compota com notas de amêndoas, baunilha e defumado, provenientes do estágio de 14 meses em barricas de carvalho francês.

Na boca mostrou um corpo médio, com taninos suaves e elegantes, acidez correta, deixando o vinho redondo e macio.
Um vinho que enche a boca e chega a parecer cremoso.

Deixou no fundo da taça um aroma de frutas com um toque de caramelo e defumado.

Na minha opinião este é um ótimo vinho, que agrada muito ao meu paladar e merece ser aberto em uma ocasião especial.
Harmonizou muito bem com uma carne de panela com batatas e arroz branco.

Vale a pena provar!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os Vinhos Brancos da Salton

Em uma agradabilíssima noite de sábado, reunimos novamente "los 3 amigos"...... este que vos escreve, juntamente com o Cristiano (vivendo vinhos) e o Alexadre (diario de baco), o qual abriu as portas de sua casa para nos receber com aquela hospitalidade de sempre.

Desta vez a nossa "dura missão" era provar 4 vinhos brancos da safra 2009 que a Vinícola Salton gentilmente nos enviou para provarmos e darmos nossas opiniões.


Aproveitamos para agradecer todo o pessoal da Vinícola Salton por ceder os vinhos e nos proporcionar essa oportunidade de prová-los.


Sem perder muito tempo, fomos logo ao que interessava.........


Optamos por iniciar pela linha Classic, a mais básica da vinícola, para compararmos o desempenho dos dois vinhos da mesma linha.


Salton Classic - Riesling 2009

Cor: Amarelo Palha, limpo e brilhante.

Olfato: Aromas leves de frutas verdes com um toque adocicado e floral .

Paladar: Poderia ter um pouco mais de acidez, mas estava bem equilibrado e cada gole descia muito gostoso.







Salton Classic - Chardonnay 2009

Cor: Amarelo palha, levemente mais escuro que o riesling, também limpo e brilhante.


Olfato: Maracujá com notas de frutas verdes, baunilha, uva itália e um toque levemente adocicado.


Paladar: Também estava bem equilibrado equilibrado, mas com uma persistência maior do que o riesling.

Também apresentou aquela untuosidade natural da chardonnay e um leve amargor final.



Comparando estre estes dois vinhos desta linha básica, foi uma unanimidade que ambos valem o seu preço, mas na minha opinião o chardonnay estava um pouco melhor.

Terminada metade da nossa "missão", ainda firmes e fortes partimos então para o "confronto" entre os dois vinhos da linha Volpi.


Salton Volpi - Salvignon Blanc 2009

Cor: Amarelo Palha, limpo e brilhante

Olfato: Aromas de média potência que lembravam maçãs verdes, maracujá, frutas cítricas e um toque herbáceo.

Paladar: Um vinho ligeiro, bem equilibrado e com uma acidez correta.












Salton Volpi - Gewurztraminer 2009

Cor: Amarelo Palha, limpo e brilhante

Olfato: Aromas de media potência que lembravam frutas verdes, baunilha com um toque floral e adocicado. Apresentou a maior persistência e complexidade entre os 4 vinhos analisados. Chegou até a lembrar o aroma de um vinho de sobremesa.

Paladar: Corpo leve, equilibrado, uma boa acidez e um leve amargor final.





Entre os dois vinhos da linha Volpi, para o meu paladar o gewurztraminer estava um pouco melhor.

Particularmente gostei muito desses 4 vinhos da Salton, mostrando-se todos eles vinhos muito bons dentro de suas respectivas faixas de preço, em especial fiquei surpreso com a linha Classic, que é um ótimo custo x benefício entre as linhas mais básicas de vinhos nacionais que encontramos nas gôndolas por todo Brasil.
Todos eles são bem interessantes como vinhos para o dia a dia.

Vale a pena comprar e provar estes 4 vinhos.

Parabéns Salton!

sábado, 15 de agosto de 2009

O Primeiro Aniversário do O Tanino!


Amigos,
é com muita alegria que informo a todos que no último dia 11/08/2009 O Tanino completou seu primeiro ano de vida.
Durante este ano muita coisa mudou e muita coisa aconteceu.
Foram mais de 100 posts com minhas impressões sobre alguns vinhos, dicas de compras, notícias interessantes e textos de vários colaboradores.
Isso tudo fez com que O Tanino fosse ficando cada vez mais conhecido e aos poucos foi transformando aqueles iniciais 2 ou 3 acessos diários em alguns dias com pico quase na casa de 100 acessos.
Esse aumento é que me traz grande satisfação pessoal e por isso gostaria de agradecer a todos que de alguma forma colaboraram com o crescimento deste humilde blog.
OBRIGADO A TODOS
Jean

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O Melhor Vinho do Mundo - por Elmo Dias

O Melhor Vinho do Mundo - por Elmo Dias

Um grande amigo meu tinha me dito, sem rodeios: “encontrei o melhor vinho do mundo na minha última viagem.”

Ao ouvir aquela frase, com toda a hipérbole que parecia inserida na afirmação, algo estalou dentro de mim.

Meu amigo, um enólogo profícuo, um enófilo de carreira longa e diversificada, um filósofo amador, merecia meu respeito e admiração.

O tal vinho tinha mesmo que ser o melhor do mundo.

Me deu o mapa e o nome do lugar. Era inevitável, eu teria que fazer uma longa viagem ao Uruguai.

A ansiedade não é um privilégio dos pequenos e tímidos, ou dos inseguros e perdidos.

A possibilidade de colocar na boca o grande néctar deste planetinha me fez ter uma dorzinha de barriga intermitente durante os dias de preparo da viagem e especialmente durante a viagem em si.

Cruzei diagonalmente o sul do Brasil, cumprindo 1300 quilômetros entre Curitiba e Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul.

A estrada, seus botecos, seus buracos, seus salames coloniais pendurados, o verde amarelado dos campos planos do fim do Brasil fizeram um belo papel pro meu material de nostalgia.

Mas era impossível esquecer o que eu estava indo fazer.

Uns minutos distraído, e logo a nuvem intrigante me cobria a cabeça.

Não sabia explicar direito se estava sendo movido pela vaidade de querer fincar minha bandeira pessoal num novo território, ou se queria dar um nome científico a algum primata exótico descoberto nas profundezas de uma enorme floresta de mata fechada.

Era algo assim, até meio espiritual, incompreensível para tantos incautos que não conhecem o vinho, sua história e seu encanto.

Nem valia a pena tentar justificar aquela maluquice, aquela viagem repentina no meio de um ano agitado. Sabia que havia gente no mundo que me entenderia, mas eu não tinha tempo de procurar as pessoas certas pra expor meu ponto de vista.

O melhor vinho do mundo. Tinha que ser já.

Atravessei a fronteira seca entre Livramento e Rivera, o sol do meio da tarde feria meus olhos quando comecei a ver as ruas do comércio da cidade uruguaia ficando pra trás.

A estrada foi se tornando um resto de asfalto antigo tentando cobrir a nudez da terra alaranjada.

Os campos eram planos e duros, casas velhas perdidas no meio de propriedades simplórias.

Cachorros magros, carros antigos, árvores enormes.

Quase uma hora depois, ali estava a marca da propriedade.

Um portão de madeira toda rachada, com ferrolhos escurecidos pelo tempo, com uma enorme letra F vazada nas duas folhas.

Parei o carro, desliguei o motor, abri a porta, o bafo do calor lambeu minhas costas.

Um cachorro preto muito grande, com o focinho branco da idade, me encarou sem interesse, deitado ao lado da casa de pedra que eu podia ver.

Um sino marrom pendia sobre o portão, agitei a corrente, o som fez uma porta se abrir na casa.

Enquanto o menino de cabelos claros vinha na minha direção, fiquei analisando as vinhas, uma longa fileira estreita de videiras muito grossas, que se estendia adentro da propriedade e descia num declive que não me permitia ver até onde chegariam.

“Hola” – me disse o menino, curioso. “Buenas tardes, que desea?”

Desfraldei meu portunhol e consegui a guia do moleque até a casa de pedra.

“Abuelo, este señor quiere vino.” – o muchachito falou rapidamente, e saiu correndo pro quintal.

Dei um passo respeitoso pra dentro daquela casa fria, notando que a pedra e a sombra pareciam fazer do ambiente interno um outro mundo.

“Buenas tardes, señor. Passe!” – me disse o velho, sentado numa mesa de madeira encerada, cheia de veios e nós à mostra.

“Senõr, un amigo estuve contigo en el mes pasado e me recomendó su vino...”

O velho se virou pra mim, mostrou a cabeleira vasta e muito branca.

“Sientate, amigo.”

Pegou uma pequena garrafa de barro e me serviu água fria num copo de vidro grosso e fosco.

Sentei no banco comprido, tomei um gole da água com gosto de argila.

“No hay vino para venderte”.

O velho levantou o rosto pra mim, e pude ver os olhos esbranquiçados mostrando sua cegueira.

O velho cego não tinha vinho... quase engasguei com a água, um calafrio de frustração permeou meu corpo e minha alma.

“Como te llamas ?” – me perguntou o homem.

“Elmo”

“Eres de Brasil, supongo.”

Respondi que sim. Estava meio inerte, sem saber que rumo tomar.

“Me llamo Franco. Un nome maldito...”

O velho levantou, pegou uma pequena vara reta de madeira retorcida.

“Venga, por favor”, me pediu.

Levantei e comecei a segui-lo sem questionar nada.

Atravessamos um pequeno patio, onde havia uma construção de pedra muito pequena, uma porta de ferro. Ele abriu a porta e um buraco escuro mostrou uma escada de madeira descendo inclinadamente.

“De donde vienes?” me perguntou, se apoiando num corrimão de ferro.

“De Brasil, Curitiba”

Descemos uns 4 ou 5 metros solo adentro.

Ele apalpou e achou uma chave, a torceu e acendeu uma fraca luz amarela.

Fiquei estático. Milhares de garrafas escuras, arrumadas com cuidado, se mostravam entre muita poeira e tantas teias de aranha.

Acima de cada pilha, uma pequena placa de madeira pendurada, com uma letra cursiva feia e clara, destacando um ano.

“Em que anõ nasciste?” – me perguntou o velho.

“1972”.

Ele andou vagarosamente tatelando o chão frio com seu cajado.

Ao chegar em 1968 parou um pouco fazendo uma conta mental. Deu mais dois passos e parou em frente às pilhas de 1970 até 1974, todas num nicho só na terra, lado a lado.

“Aqui, señor” – me estendeu uma garrafa coberta de pó. “Limpela”

Esfreguei a garrafa, esperando um rótulo sob a grossa camada de sujeita. Nada ali.

Ele andou até uma pequena mesa redonda, sob a luz amarela. Na mesa, duas taças de boca pra baixo, pequenas, de vidro grosso.

“Compartimos esta botella?” – me perguntou.

Me sentia mais obediente que o menino de cabelos claros lá fora.

“Claro que si...” – lhe respondi.

“Abrela, por favor” – me disse, buscando um velho saca rolhas na mesa e me alcançando.

Com todo o cuidado, enfiei o saca rolhas na garrafa, e puxei paulatinamente a rolha.

Saiu íntegra, apesar do meu receio.

“Son portuguesas” – me disse.

Pegou as taças, as virou de boca pra cima.

“ Te gusta mucho el vino?”

Respondi que sim.

“Y los asados?”

Afirmei que muito também.

“Siervelo, vamos probarlo”

Inclinei vagarosamente a garrafa de 37 anos de idade nas taças.

A luz quente e amarela batia no fluxo tímido do líquido.

Quase castanho, ainda bem translúcido.

Ao ouvir o fundo da garrafa bater na mesa, e velho ergueu os olhos embaçados e pareceu me olhar de verdade. Respirou fundo, escorregou a mão e tomou a taça pela haste.

“1972... un buen año.

Pausou um momento. “Tienes hijos?”

“Una chica”.

“Que edad?”

“Hará un año en unos dias”.

Sorriu. “No tengo viños tan nuevos...”

Cheirou o vinho. Acompanhei.

“Crees que un hombre puede dejar un trozito de si en cada botella que produz?”

Pensei longamente.

“Ciertamente...”

“Bebelo entonces”

O nariz era couro, terra e especiarias. Nada de explosões aromáticas.

Virei vagarosamente a taça, deixei cair na língua.

“Como se llama tu amigo que estuve aca?”

“Michel.” – falei, sentindo a língua recoberta de um líquido denso e muito gentil.

“Lo se... tambien de 1972...”

O vinho ficou caminhando na minha língua, como se dezenas de minúsculos pés brincassem de uma dança pitoresca em minhas papilas.

“Hay algunas botellas de 1972, como puedes ver. Mas botellas que personas que las quieran...”

Olhei para a pilha. Umas 200 garrafas ao menos do meu ano.

“Señor, te gusto el vino?”

Eu não sabia responder. A viagem, as vinhas, a adega, os olhos que não podiam ver... tudo rodava na minha cabeça.

Tomei mais um gole, me concentrei o máximo que pude. Era realmente ótimo.

“Si, señor, es excelente.”

“Toma algunas botellas para ti.”

Pedi o preço. Me negou a venda. Fui até a pilha, peguei duas garrafas. Perguntei se era muito.

“No señor, eres um hombre correcto. Dos esta bien.”

Me pediu pra sentar e beber o resto da garrafa com ele.

“Mira los anõs de 90 y despues.”

Olhei para as pilhas de 1990 em diante. Pouquíssimas garrafas.

Tomei coragem e perguntei como ele produzia os vinhos.

“Yo y el niñito.”

Uma senhora gritou algo de cima da escada. Desceu e nos encontrou nas banquetas.

Me sorriu, voltou pra cima, apareceu de novo com um pão cor de palha, redondo.

“Estaras conosco por esta noche?” - me perguntou.

O velho parou para me ouvir responder.

Disse que se pudesse pagar pelo pão, estaria.

Ela sorriu, e disse que iria começar a preparar o jantar.

“Hoy se paga por tudo, señor” – me disse o velho. “Quedate conosco esta noche, nos hablara de Curitiba e de tu vida en Brasil...”

No jantar, comemos o resto do pão com o resto da garrafa que abrimos.

A esposa nos trouxe uma bela sopa, grossa, com pedaços de carneiro dentro.

Pela manhã, passeei com o velho pelas vinhas rachadas, grossas, de poucas folhas e poucos brotos.

Ao meio dia, me despedi.

Com duas garrafas na bagagem.

Do vinho que, não sendo o melhor do mundo, era o melhor do mundo.


Elmo Dias é advogado civilista, presidente da Afavep, pescador, tenista, enófilo e cronista nas horas vagas (bem vagas)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Bordeaux - Médoc


Ganhei este vinho do meu padrinho de casamento que viajou para a Europa no ano passado.
Eu estava enrolando para abrí-lo, mas enfim criei coragem.

O Vinho: Grand Vin de Bourdeaux - Médoc

Safra: 2006

Uvas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot

Comentários:
Na taça mostrou uma cor vermelho translúcido com aura levemente alaranjada.

Aromas de boa intensidade que lembravam frutas maduras, amêndoas com um toque de hortelã.

Na boca mostrou um corpo médio, um leve ataque dos taninos e uma acidez correta, que deixaram o vinho equilibrado e elegante.

Boa persistência na boca e retrogosto frutado.
Deixou no fundo de taça um aroma frutado com notas de fumaça.

Um vinho delicioso.
Pena que nunca encontrei para vender aqui em terras tupiniquins.
Aqui em casa harmonizou perfeitamente com um strogonoff de carne.
Vale a pena provar, só não imagino qual preço ele seria vendido aqui no Brasil.

domingo, 9 de agosto de 2009

Casa Valduga Premium Cabernet Franc 2005

Antes tarde do que nunca!
Mesmo quase 10 dias de atraso, consegui fazer postar o vinho do mês da Confraria Brasileira de Enoblogs escolhido pelo nosso confrade do blog Vinho para Todos.

O Vinho: Casa Valduga Premium

Safra: 2005

Uvas: 100% Cabernet Franc


Comentários:
Na taça apresentou uma bonita coloração rubi profundo, denso e brilhante.

Aromas de média potência que lembravam frutas frescas com um toque refrescante e notas herbáceas e de frutas maduras, evoluindo para ameixa, defumado e café.

Na boca mostrou um corpo médio com o álcool sobressaindo um pouco e taninos macios mas presentes.
Uma acidez correta completou o conjunto deixando o vinho bem gastronômico.

Na minha opinião este é um bom vinho para o dia a dia e valeu bem os R$33,00 que foi pago por ele.
Vale a pena ser provado.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Uva Carignan - por André Logaldi


A uva Carignan - por André Logaldi

A uva Carignan tem uma provável origem espanhola, onde pode ser chamada de Cariñena (em Aragón) ou Mazuelo (Rioja), apesar de ser a uva tinta mais plantada da França com cerca de 100 mil hectares (já teve quase o dobro, quase 212 mil hectares até 1968, mas muitos vinhedos foram arrancados). Tanto na França como na Espanha é mais utilizada em cortes do que na elaboração de vinhos varietais.

Largamente distribuída na quente região francesa do Languedoc-Roussillon, esta uva pode ser plantada em planícies onde dá altíssima produção (200 hectolitros por hectare) com baixa qualidade ou nas encostas, quando mostra melhor seu bom potencial (30 a 70 hectolitros por hectare).

Como quantidade é inversamente proporcional à qualidade, pode se entender porque ela acabou sendo abandonada, sobretudo nas planícies do sul da França.

No Velho Mundo ainda é plantada na Itália, chamada de Carignano, presente na Lombardia e sobretudo na ilha da Sardenha e também em Portugal (Ribatejo) e na Grécia. No Novo Mundo pode se encontrada na Argentina, Califórnia e sobretudo no Chile, país que mostra bons varietais, como da vinícola Odfjell, ou cortes em que ela predomina, como por exemplo em alguns vinhos da vinícola Morandé.

Esta uva tem um amadurecimento tardio, gosta de regiões ensolaradas e tem a pele bem espessa. Seus vinhos são bem carregados em cor, teor alcoólico relativamente alto, boa acidez, uma carga tânica moderada e aromas de frutas escuras, ameixas, pimenta e um descritor no mínimo curioso, que é o aroma de tinta (lembra nanquim), que pode estar presente em vinhos com forte extração de fenóis das cascas (macerações longas ou técnicas violentas de extração).
André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

domingo, 2 de agosto de 2009

Loja Expand no Outlet Premium - Vale a pena conferir!

Domingo, após o almoço.........nada pra fazer.......

Como tínhamos um casal de amigos que veio de Santos para passar o domingo conosco, resolvemos ir passear no Outlet Premium, que eles ainda não conheciam.
Se você também não conhece, clique aqui e veja o site.

Eu e minha esposa já havíamos ido lá algumas vezes e eu sabia que haveria uma loja da Expand, mas até agora não havia nenhuma movimentação que demonstrasse quando ela seria inaugurada.

Pois bem, fomos até lá.
Logo na entrada a fila de carros nas cancelas indicava um prognóstico nada bom. Parecia estar bem cheio.

Ao passar pela cancela, aí sim conseguimos ter uma leve idéia do tormento que seria encontrar uma vaga naquele estacionamento que estava absolutamente lotado.

Deixamos as mulheres e rumamos em busca de uma tão sonhada vaga.
E eis que rodando o estacionamento em busca de uma vaga, percebi que a loja da Expand havia sido inaugurada.

Pensei logo "Só quero ver se os preços serão bons mesmo ou é só mais uma loja igual as outras Expand."

....40 minutos depois......

Ufa! Conseguimos estacionar! (Não, não é brincadeira.......demoramos 40 minutos para encontrar uma vaga no estacionamento. Ainda bem que nao é cobrado!)

Encontramos as mulheres e assim que elas entraram em uma outra loja, rumei logo para a Expand, mas ainda imaginando que seria uma loja como outra qualquer.

A loja também estava cheia e logo que entrei já fui vendo alguns preços pra tentar comparar com as outras lojas. Algumas caixas pelo chão tinham uns cartazes indicando 30% de desconto.
Ok, até aí nada de anormal. Toda loja tem promoção.

Não tive nenhuma surpresa quando vi nas prateleiras vários rótulos com os mesmos preços das outras lojas da franquia.

Logo que uma vendedora veio me atender.
Perguntei a ela se os preços eram os mesmos das outras lojas e ela me disse que o preço das etiquetas era o mesmo, mas ao virar a garrafa todos os rótulos tem uma etiqueta indicando o valor do desconto, que vai de 20 a 50%.

Nessa hora meus olhos brilharam e toda a minha perspectiva mudou.

Dei uma boa vasculhada na loja e realmente, todos os rótulos que eu vi tinham desconto sobre o valor da etiqueta.

Para voces terem uma idéia, vejam os descontos de algumas garrafas que comprei:

Trivento Chardonnay - de R$23,00 por R$16,10 = 30% desconto (tinha também o pinot noir, malbec, viognier, não lembro se o preço era o mesmo, mas o desconto era 30% também)

Quinta do Cabriz Branco, Rosé e Tinto - de R$24,80 por R$12,40 cada = 50% desconto

Paralelo 8 - de R$68,00 por R$34,00 - 50% desconto (se não me engano era o mesmo desconto para toda a linha da Vinibrasil)

Rocca delle Macìe - Rubizzo - Chianti Colli Senesi - de R$43,10 por R$21,55 = 50% desconto

Rocca delle Macìe - Tenuta Sant´Alfonso - Chianti Classico - de R$82,00 por R$41,00 = 50% desconto

Claro que nem tudo são rosas.
Como a loja inaugurou hoje (02/08/09) os vendedores estavam um pouco perdidos, às vezes não encontravam as garrafas no estoque e por enquanto a loja só está aceitando pagamento em dinheiro, cheque ou cartão de crédito da Amex.

Outro problema foi que, como o sistema dos descontos não estava explicado em nenhum lugar, os vendedores tinham que explicar para todos os clientes como a coisa funcionava.
E muitas vezes eu vi um vendedor tentando atender dois ou mais clientes ao mesmo tempo.

Enfim, no meu humilde ponto de vista de consumidor, não gostei muito do atendimento conturbado, mas por outro lado gostei muito dos preços. E pra mim é isso que vale.

Quando eu for comprar algum vinho na Expand, vou dar preferência a essa loja. Se não tiver eu procuro nas outras.

Só vamos torcer para que todos esses descontos não sejam somente na inauguração e sejam mantidos para sempre dessa forma.

Vale a pena ficar de olho!