segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Uva Carmenère - por André Logaldi


Muitos enófilos iniciantes começam a incrementar seu aprendizado se lançando à prova de vinhos de qualidade por um preço ainda acessível e para isso nada melhor que os nossos vizinhos Chile e Argentina. Claro que hoje em dia Brasil e Uruguai já mostram vigor.




Há uvas que se tornam estandartes de certos países, mesmo que sejam originárias de outras terras e a Carmenère é a uva emblemática chilena, depois de muitos anos sendo plantada em meio a vinhas de Merlot, com a qual era confundida.


A Carmenère é uma uva que pode e ainda é utilizada na região de Bordeaux, sua origem, ainda que em mínima escala, pois estatísticas indicavam uma superfície de apenas dez hectares plantados (portanto ela na verdade não está extinta como alguns dizem). Em sua terra natal esta uva se mostra predisposta a doenças e de maturação complicada, por isso só é vista em cortes (assemblages) com concentrações reduzidas e somente em anos muito bons em que ela alcança a plena maturidade. Um exemplo famoso é o Chateau Clerc-Milon que usa cerca de 1% da Carmenère em seu blend em certas safras.


Muita gente sabe que a Carmenère se tornou a cepa emblemática do Chile, mas não confundam, o nosso esguio vizinho sul-americano tem na Cabernet Sauvignon a sua rainha das uvas tintas.


Todavia, o Chile é o único país vinícola a produzir vinhos varietais desta uva.
A Carmenère é uma uva de baixa acidez, frutado que traz à lembrança as ameixas e as frutinhas silvestres escuras e aromas de pimenta que são uma boa “impressão digital” quando não encobertos por notas vegetais desagradáveis (sinal de maturação insuficiente).


Vários vinhos chilenos famosos levam Carmenère em seu corte: Almaviva, Viña Seña, Purple Angel e Clos Apalta são notáveis exemplos. Os vales de Cachapoal, Colchágua e Maule são referências importantes.


André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.


quarta-feira, 24 de junho de 2009

Viña Montes Aposta na Carignan
















Assim como ocorre com a Malbec, a uva francesa que conheceu seu auge na Argentina, a Carignan -uva tradicional da região francesa do Languedoc- poderá conhecer um novo início na hemisfério sul.


A Viña Montes, que produz alguns dos vinhos mais famosos do Chile, vai plantar neste invernos tres hectares de Cabernet Sauvignon enxertadas com Carignan no seu vinhedo do Valle de Colchagua.

"Penso que sobre o solo granítico onde será plantada, obteremos taninos muito mais elegantes que aqueles produzidos algumas vezes na França. É como a Malbec na Argentina, que é muito mais flexível que em Cahors", argumenta Aurelio Montès, o enólogo e cofundador da empresa.

A Carignan deveré ser utilizada em cortes com Syrah e Mourvèdre, mas Aurelio Montes não descarta apresentar um vinho varietal caso os resultados sejam bons.

Fonte:http://www.vendimia.cl

domingo, 21 de junho de 2009

Grotta Rossa 2003


Como já escrevi algumas vezes aqui no blog, gosto muito dos vinhos italianos e sempre que possível provo mais um deles.

O Vinho: Grotta Rossa

Safra: 2003

Uvas: 100% Carignano del Sucris

Comentários:
Na taça mostrou uma cor vermelho profundo com uma bonita aura laranja escuro.

Apresentou aromas leves mas pouco persistentes que lembravam frutas frescas com um leve toque metálico.

Na boca mostrou-se um vinho elegante, com um corpo leve, um leve ataque dos taninos e uma leve acidez, correta para um vinho italiano.

Deixou no fundo de taça um aroma frutado e na boca um retrogosto frutado mas pouco persistente.

Na minha opinião este é um bom vinho para ser degustado sem muitas expectativas.
Bom para acompanhar um almoco de domingo.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Espumante brasileiro é degustado após 11 anos de garrafa.


Quanto tempo de guarda aguenta um vinho? De maneira geral, os brancos são menos propícios a guardas longas quando comparados aos tintos, principalmente os exemplares europeus de qualidade, que o tempo já se incumbiu de dar provas de sua longevidade. E os espumantes, que primam pelo frescor? Quanto aguentam em garrafa antes de serem consumidos?

Em geral a recomendação é para que as garrafas sejam abertas e consumidas cedo, assim que chegam ao mercado. Mas aí também há exceções. É sabido que grandes safras dos Champagnes aguentam longos anos de guarda em adega. São os chamados Champagnes safrados, ou millésime.
São bebidas que com o tempo de guarda ganham maior complexidade, ampliando a variedade e profundidade de seus aromas.

Recentemente a Maison Perrier Jouet, marca de prestígio da região de Champagne, realizou uma degustação com 20 diferentes safras de seu Belle Époque. Entre eles, uma garrafa de 1825 que, segundo o Guiness Book, seria o mais antigo champagne engarrafado existente no mundo. Aliás, em todo o lote havia 4 Champagnes do século XIX, 15 exemplares do século passado, e apenas um deste século, um Belle Époque 2002 que estava sendo lançado.
Os felizardos que participaram da degustação garantiram que os anos de garrafa só trouxeram benefícios ao produto final.

Bem, mas vamos voltar à nossa questão.
E se a dúvida sobre o tempo de guarda for dirigida a um vinho brasileiro, branco e espumante? Quanto tempo ele aguenta na garrafa sem perder qualidade? Durante o 6º Encontro do Espumante Nacional, promovido pela Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (SBAV-SP), no final de maio, essa pergunta pode ser respondida em parte, quando Rodrigo Geisse abriu para os presentes uma magnun (garrafa de 1,5 litros) do Cave Geisse Brut 1998.
Onze anos de garrafa, entre autólise (período em que o espumante realiza sua segunda fermentação na própria garrafa e fica em contato com as leveduras próprias do processo, ganhando complexidade), degorgement (processo pelo qual os sedimentos da segunda fermentação são retirados da garrafa), e guarda em adega.
O espumante de onze anos de idade revelou-se vivo, complexo e deixou na boca deste que escreve um gosto de quero mais.

O que mais foi visto e provado no encontro?
O encontro, explica Sergio Inglez de Souza, presidente da SBAV-SP, "tem como objetivo reunir em um só lugar um número representativo de vinícolas para apresentar seus diversos vinhos espumantes, somando mais de 60 rótulos". Entre os convidados e inscritos para o evento não estão apenas apreciadores de vinho e consumidores finais, mas também donos de restaurantes e lojas, "que através de eventos como este têm a oportunidade de provar espumantes de pequenas vinícolas, e eventualmente abrir um novo canal de distribuição para esses pequenos produtores".
Entre eles estavam ali também representados o Gheller Gold Brut, da vinícola Gheller, de Guaporé (RS). Um espumante à altura do mercado internacional. Também havia o Pericó Brut, da vinícola Pericó, localizada na alta altitude de São Joaquim, no estado de Santa Catarina. O Pericó é um espumante brut branco, com uma surpreendente riqueza aromática, produzido 100% com uvas tintas (Cabernet Sauvignon e Merlot). Além desses e outros tantos, também era possível degustar o Gran Reserva 2002, da Casa Valduga, que foi premiado como melhor espumante nacional na última expovinis.

Para os que não participaram do evento resta uma boa busca em lojas especializadas. Vale a pena conferir a qualidade do espumante nacional.

sábado, 13 de junho de 2009

Vinho, Gastronomia & Liberdade


É muito comum que as pessoas que mostram real interesse em vinhos e gastronomia, em geral, queiram conhecer as regras de harmonização.
Embora alguns conceitos sejam proveitosos num caminho de acertos, a solidificação de conhecimentos permite certos vôos igualmente certeiros.

Jean-Charles Barrier é um chef francês, autor de livro sobre cozimento a vácuo. Seu pai, chefe de cozinha que ostentou um título de “melhor cozinheiro da França”, concurso vencido com uma receita de “Carpe à La Chambord”, um peixe cozido em vinho tinto.

O velho Charles sempre dizia que seu “truque” era trabalhar com peixes de mar e de rio, sempre ao vinho tinto e mais, costumava recomendar que não se bebesse à mesa, o mesmo vinho utilizado nas preparações de seus molhos, opinião contrária a de muitos colegas de profissão. Dizia que a redução tornava o molho pesado, portanto carecia de frescor que devia ser aportado pelo vinho que o acompanhasse. Um “coq au vin” preparado com um Chinon 1992 deveria ser degustado com um Chinon, no mínimo, da safra de 1995.

Este espírito de liberdade tem fundamentos na expansão do conceito de terroir, levando-o também à mesa. Tal conceito leva em conta um passado, a história de quem o viveu, além das questões relativas à paisagem natural (clima, solo, uvas).

Resumo da ópera: liberdade não é só se fazer o que quer, é muito mais uma dádiva ou uma saudável permissividade que uma sólida história de integração homem-natureza é capaz de conceber. E a verdadeira liberdade, em sua grandeza e opondo-se à licenciosidade, é uma marca francesa.
André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

O Tanino com um grande parceiro!


Amigos leitores:

É com grande alegria e satisfação que comunico a nossa primeira grande parceria.

A partir de agora o nosso amigo e confrade André Logaldi escreverá periodicamente uma coluna em nosso blog, onde abordará temas interessantes e curiosos sobre o mundo dos vinhos, sempre com uma pitada de filosofia e um pouco de descontração.

André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

André, seja bem vindo!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Rosita Cafe Promove Jantar Harmonizado















O Restaurante Rosita Café (na foto acima) promove nesta quinta-feira (04/06) um jantar harmonizado com o tema França.

O jantar será realizado por José Augusto Saraiva em parceria com a importadora Vitis Vinífera e será composto das seguintes harmonizações:

Prato: Pizza branca
Vinho: Espumante Nicolas Clement

Prato:Cevicci de peixe branco com tangerina e semente de coentro
Vinho: Vinho Branco Astrolabe

Prato: Arroz de pato
Vinho: Domaine Aimé

Prato: Risoto de ossobuco perfumado com azeite de trufas brancas
Vinho: Chateau la poujade e Chateau D’Eck 2002

Vale a pena conferir!

Serviço
Local: Rosita Pão, Vinho...
Endereço: Av. das Américas 500, bloco 21, loja 126 (Shopping Downtown)
Barra da Tijuca - RJ
Data: 04/06/09 às 20h
Investimento: R$ 110,00 (por pessoa)

Mais informações
www.rositacafe.com.br