segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Terramater Limited Reserve Cabernet Sauvignon


Depois de algum tempo viajando, aos poucos vou retomar as atualizações do blog, começando por mais um dos vinhos que comprei no empório vinis, lá em Itatiba.

Agora só me sobraram as garrafas da linha superior, a Limited Reserve e resolvi começar pelo bom e velho cabernet sauvignon.

O Vinho: Terramater Limited Reserve

Safra:2006

Uvas:100% Cabernet Sauvignon

Comentários:
Na taça apresentou uma bonita coloração rubi profundo com reflexos violáceos e uma aura levemente alaranjada, mostrando sinais claros de evolução.

No nariz mostrou aromas potentes que lembravam frutas maduras, ameixas, bastante baunilha com um toque de defumado e de especiarias.
Os aromas são tão potentes que poder ser sentidos mesmo longe da taça.

Na boca tinha corpo médio com taninos bem amacidos e uma acidez corretíssima.

Não deixa amargor final na boca e deixou um fundo de taça com aromas frutados e defumados.

Na minha opinião, este é um ótimo vinho, elegante e equilibrado.Um estilo de vinho que eu adoro e vale cada centavo pago nele.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Villaggio Grando - Chardonnay 2008


Nos planaltos da região de Herciliópolis, Santa Catarina, existe uma vinícola que foi iniciada lá pelos anos 90 e desde então vem produzindo bons vinhos nacionais a partir de seus vinhedos situados a 1300m de altitude.

Esta é a Villagio Grando.
Mais uma vez, em minha busca por novos rótulos acabei adquirindo 3 garrafas dos vinhos produzidos por eles que aos poucos vou postando aqui. O primeiro é este...

O Vinho: Villaggio Grando Chardonnay

Safra: 2008

Uvas: 100% Chardonnay

Comentários:
Na taça apresentou uma cor dourada, muito bonita, brilhante e límpida.

Os aromas foram de média intensidade, boa persistência e eram levemente adocicados, lembrando abacaxi e pêssegos em calda com alguns toques minerais.

Na boca era levemente untuoso, com um corpo leve e uma boa acidez, deixando o conjunto bem equilibrado e a boca salivando mais a cada gole.

Ao meu ver, a Villaggio está fazendo um bom trabalho lá no sul e por esse motivo está conseguindo produzir este vinho, que é simples mas com um conjunto que agrada bastante.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Marco Luigi Espumante Moscatel

Como já disse em um post anterior, nossos amigos da Vinicola Marco Luigi foram muito gentis e atenciosos em enviar algumas garrafas para eu conhecer.

Particularmente este vinho eu já conhecia e já havia gostado em uma ocasião anterior.
Esta serviu só para confirmar oque eu já sabia...

O Vinho: Marco Luigi Espumante Moscatel

Safra: 2007

Uvas: 100% Moscatel

Comentários:
Um vinho com a coloração palha, sem reflexos e uma perlage média e não muito fina.

No nariz, logo de cara apareceram aromas adocicados, com toques cítricos e notas de maçã verde e uva itália.

Na boca mostrou-se um vinho adocicado mas sem ficar enjoativo, com uma baixa acidez, formando um conjunto equilibrado que acaba agradando muito, inclusive quem não é muito fã de vinhos.

Na minha opinião este é um dos espumantes moscatel que mais me agradaram até hoje. Fácil de beber, adocicado e macio. Vale a pena provar.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Um Gole no Mar - por Elmo Dias


Um Gole no Mar - por Elmo Dias

Acordei muito cedo, com aquela sensação de suplício e de injustiça que só acordar com muito sono pode trazer.

Já deveria estar acostumado, pois o pescador é um tolo auto-punitivo, um masoquista, por assim dizer, já que escolhe como passatempo algo que sempre se faz de mãos sujas, acompanhado de mosquitos ou de sol causticante, e que tem um resultado quase incerto.

A tralha estava arrumada, a máquina de fotografia a postos, mas dessa vez eu levava umas coisas diferentes: uma faca de sashimi, uma pinça de aço, uma mistura pronta de shoyu, raiz forte e gengibre picada e uma garrafa de Terrunyo Sauvignon Blanc 2007.
Ao chegar na praia, fiquei olhando os barcos mal pintados, de cores vivas e velhas, o vento frio de Guaratuba maltratando minhas canelas.

Seu João Galinha, caiçara de sombrancelhas espessas e cheios de pelos no nariz, trazia a traineira de madeira em direção da praia, pra como sempre jogar a proa em cima da areia pra gente subir.

“Bom dia, só três hoje?” - ele perguntou, olhos negros, afundados no couro curtido pelo sal e pelo sol.

“Só, mas quem insiste é que tem sorte!” - eu tentei rir, o cheiro frio da maresia me tomando as ventas.

Subimos com dificuldade no barco, a madeira inchada, as poitas de ferro cobertas de ferrugem marrom, as redes enfiadas sem ordem embaixo da amurada de escolher camarão.
César e Marcos, meus companheiros de madruguice, sentaram e começaram a tentar arrumar suas varas para fundeio, enquanto o motor de centro enchia nossos ouvidos com seu bater de pistões e nossos narizes com o cheiro de diesel.

A baleeira de nove metros moveu-se como que pedindo licença às dezenas de barcos dorminhocos na entrada da baía de Guaratuba, e prumou o mar aberto, passando pela barra e pelos bancos de areia.

Sempre quis pensar no seu João Galinha como o Lobo Larsen da literatura, mas suas camisetas apertadas na barriga proeminente e dura e seus chinelos de dedo lhe tiravam qualquer mérito para ser chamado Velho Lobo do Mar.

Coloquei o vinho dentro do isopor , e fiquei lembrando das críticas do Patrício Tapia rasgando elogios ao Sauvignon, ao mesmo tempo que tirava o vinho de sua nobreza, o colocando pra conhecer a vida real, ao lado da garrafa térmica desgastada de café do pescador, alaranjada e feia.

Por ali, siris secos, escamas avulsas e linhas de pescar velhas.

Era um desrespeito divertido ao ótimo vinho, mas tudo aquilo ainda dependia do peixe, fosse ele qual fosse.

Equipamento pronto, desci a linha na popa do barco, e deixei a isca artificial de barbela comprida e corpo fusiforme negro penetrar a flor da água.

Dei uns trinta metros de linha, e travei a manivela da carretilha, fazendo com que a ponta da vara envergasse pelo mergulho que a isca fez ao longe, descendo na coluna de água.

O sol nascia nas minhas costas, o vento salgado esfriava minhas orelhas, e eu, estranhamente, nem queria pegar nada relevante naquela hora.

Me sentia pescando em função de uma garrafa de vinho, uma sensação curiosa e desconfortável, quase uma vigilância sem autor.

Vinte minutos depois, o soco.

A ponta da vara dobrou-se para baixo, gritei para o caiçara colocar na lenta.
A linha começou a espremer-se pra fora da carretilha, usando seu freio.

No corrico, a pegada do peixe quase sempre parece que a garatéia colidiu com algo, e não que algo a pegou.

Mas depois você começa a recolher, usando sua força e a velocidade do barco, em marcha lenta, tem a deliciosa sensação de que algo vivo está na ponta da linha.

O coração sempre se manifesta, em taquicardia ansiosa.

Curvei-me algumas vezes, recolhendo a linha enquanto trazia o peixe com o movimento do corpo e da vara, me lembrando que tudo nessa era da humanidade parece ser técnica aplicada.

Bom aluno, depois de uns minutos pude ver as costas pretas da cavala, o corpo longo e roliço, tentando livrar-se da isca.

Subiu do fundo, agitou-se, correu entre os reflexos de luz fraca na água verde, e por fim veio ao barco.

Rimos, comemorando, com as zombarias naturalmente rudes de pescadores amadores, e joguei o belo peixe no gelo.

Sentei-me na madeira da amurada, e fiquei olhando os olhos grandes e os dentes afiados e numerosos na boca do bicho.

Os dentes dos peixes sempre me fascinaram, desde menino olhava os peixes assados e ficava roçando os dedos em sua dentição.

De qualquer modo, era cedo demais, e a cavala não servia para o que eu queria.
O barco continuou compenetrado em nos levar mais longe, estourando pelo cano de escape seus rebombos barulhentos, até que seu João Galinha diminuiu a marcha, enquanto olhava para terra dos dois lados que a víamos, no ângulo de noventa graus que as praias de Guaratuba e Caiobá faziam.

Muito antes do GPS, os pescadores artesanais cruzavam visualmente elementos que podem visualizar para encontrar os pesqueiros.

Nosso guia achou o ponto, desligou o motor e jogou a âncora.

Fiquei observando os nós que fazia com a corda peluda da poita, depois a corda se esticando, a madeira do barco toda estalando, como que se alongando.

A sensação é sempre de que a corda vai estourar ou o barco vai desmontar.

Paramos sobre o casqueiro, um local onde a lama do fundo está coberta por pedras pequenas.

Espetamos nossos camarões mortos no anzol e descemos as linhas.

A chumbada bate no fundo, você dá uma volta da manivela, deixa a linha tensa e espera o “choquinho“.

Todo pescador é um moleque sonhador, que tem a nítida sensação de que um peixe de duzentos quilos está de boca aberta no fundo, e que sua linha vai cair direto na goela do bicho, e, na primeira tentativa do dia, algo grandioso vai acontecer.

Coisas realmente acontecem, mas só se ouve contar e nunca se presencia.

Ficamos ali, naquele silêncio compenetrado, esperando o tremelique para a fisgada.

Caí em absorção de pensamentos, e olhei para o rosto redondo do caiçara, que desenrolava uma linha de mão grossa como uma corda de raquete.

Seu João Galinha, há mais de vinte anos no mar, um dia me confessara que não sabia nadar.

Nem nunca tentara.

Ele conhecia a condição do tempo que amanheceria pelas estrelas e pelas nuvens, sabia truques para pegar todo tipo de peixe, podia contar histórias magnéticas sobre peixes centenários e gigantescos, mas não sabia nadar.

Depois de algum tempo, os peixes apareceram.

Esparsos, pequenos e médios, divertidos, fujões, inconstantes.

O sol fez seu trabalho, esquentou nossos bonés e avermelhou nossa pele, mas nada do peixe que eu queria.

Robalos, pescadas amarelas, linguados, atuns, nenhum desses se pegava ali.

Comecei a questionar meu plano com o Terrunyo.

Mais ou menos quando eu pensava em decidir por tomar o Sauvignon sem peixe, um cardume de betaras nos acolheu.

Como se diz na pescaria, não dava tempo.

A isca não chegava ao fundo, era tragada em corrida antes que a linha esticasse com o peso da chumbada.

Pique de peixe.

O frenesi trazia duas, três betaras de cada vez.

Como de costume, eu devolvia praticamente todas, exceto as que me pareciam parrudinhas.

Em dez minutos, as quatro linhas na água já haviam recolhido umas 50 betaras, e soltado, mediante impropérios exigentes que eu fazia, umas outras 50.

Quando o ritmo diminuiu, a adrenalina foi baixando, os espaçosde tempo entre as mordidas ficando maiores.

Eu estava já pensando em mudar de pesqueiro, quando uma pancada me deu um leve susto na linha.

Fisguei e comecei a brigar com o peixe.

A carretilha zunia preguiçosa, a linha corria sem tanta velocidade, mas aquilo não era uma betara como as que estavam no cardume.

Quatro ou cinco minutos depois, o corpo verde do baiacu-arara mostrou-se ao sol.

“É um jalefa de um baiacu!”- gritou seu João Galinha - “não vai perder o bicho!”
O peixe brigou mais um pouco, o recolhi com o passaguá.

O papo de um branco creme muito suave inchou muito, ficou do tamanho de uma bola de futebol de salão.

Os dentes maciços, que lhe fazem parecer ter um sorriso de coelho, não haviam conseguido cortar a linha.

“Vai querer?” - perguntou seu Joao Galinha, nitidamente interessado no peixe - “isso é a melhor carne que tem”.

O bicho devia pesar uns 3 quilos. Peguei minha faca pra cortar o couro, mas vi que não iria conseguir nada com uma faca de sashimi.

“Você sabe limpar baiacu?” - me perguntou o pescador - “se estourar a bolsa de veneno perde a carne toda”
Como um garoto contrariado, dei o peixe pra ele.

Degolou o baiacu, com uma faca velha de pouco fio, e depois tirou orgulhoso a bolsa preta das tripas do bicho.

“Tá aqui o veneno” - ele exibiu o saquinho escuro, enquanto terminava de transformar o peixe num bloco sólido de carne branquíssima.

“Vai levar assim?” - me passou o filé.

“Não, vamos comer agora..!”

Me olhou desconfiado.

Peguei a tábuazinha de madeira que tinha trazido, firmei na superfície da proa, e fiz as fatias mais finas que pude.

A carne parecia pulsar.

Joguei as fatias no gelo de um isopor pequeno e limpo que havia trazido, e então coloquei a mistura de shoyu, raiz forte e gengibre num tupperware.

Busquei o vinho, tirei a rolha com meu canivete.

“Marcos, César, larguem essas varas, quero que experimentem isso”.

Peguei umas taças de vidro grosso que tinha trazido, derramei o vinho de amarelo sutil nas taças.

Dei uma pra cada um, incluindo seu João Galinha.

“Gosta de vinho?” - perguntei.

“É doce?”

“Experimente”

Fez uma careta com a acidez.

Tirei as fatias de baiacu do gelo, mergulhei no molho.

Coloquei tudo sobre a tampa do motor e disse que se servissem.

Cheirei o vinho, frutas cítricas, algo vegetal.

Olhei para o fim do mar, marzão espelhado, o horizonte abotoando céu e mar, um azul macio.

Um silêncio absoluto, o ar tão puro que chegava a afogar a respiração.

Dei um gole cheio, deixei a Sauvignon bem fria inundar a boca.

Olhei para o seu João Galinha, e brindei, rindo.

Ele levantou a taça, junto com os outros.

“E isso é pra beber com baiacu?” - ele perguntou, rindo, sarreando…

“Ô se é, ô se é…” - eu respondi, espetando uma fatia da carne tenra, viva e temperada, mastigando-a com certa luxúria, pra depois deixar o vinho fresco cobrir minha língua com toda a autoridade do terroir e da uva.

Elmo Dias é advogado civilista, presidente da Afavep, pescador, tenista, enófilo e cronista nas horas vagas (bem vagas)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Vinho e a Pintura! Toulousse-Lautrec

Henri Marie Raymond de Toulouse-Lautrec Monfa, nasceu em Albi, na França, em Novembro de 1864 e morreu em Setembro de 1901. Retratou como ninguém a vida boêmia de Paris. O que será que tinha nesse copo vazio?

Fonte:www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Brunello di Montalcino - Innocentti


Mais uma ocasião especial para mim.
Desta vez foi a comemoração do meu quarto aniversário de casamento.
Como não poderia deixar de ser, para comemorar, novamente tirei da adega uma das minhas melhores garrafas que eu tinha.

Um Brunello di Montalcino que trouxe da Itália no ano passado.

O Vinho: Brunello di Montalcino - Innocenti

Safra: 2002

Uvas: 100% Sangiovese

Comentários:
Vermelho profundo com aura alaranjada, mostrando sua evolução em barricas de carvalho.

Aromas de média intensidade onde se destacaram as frutas maduras com um forte aroma floral, com toques de especiarias, defumado e hortelã.

No palato mostrou um corpo médio com taninos bem amaciados, mas com uma acidez um pouco elevada.
Essa característica me fez acreditar que essa garrafa merecia ter ficado guardada por mais alguns anos antes de ser aberta.
Depois de uma hora e meia de decantação, o vinho melhorou muito e ficou muito mais equilibrado.

Apesar de ter aberto esta garrafa precocemente, gostei muito do vinhoe com certeza é uma ótima pedida para ocasiões especiais, mas se você comprar uma garrafa dessa mesma safra vale a pena deixa-la guardada por mais alguns anos antes de abrir.
Com certeza você não irá se arrepender.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lagarde Classico

Em todo lugar que vou , fico sempre de olho para ver se encontro alguma promoção de vinhos.
Este aqui acabei encontrando em um supermercado proximo de casa, e pelo baixo custo acabei comprando para ver oque havia nessa garrafa.

O Vinho: Lagarde Clássico

Safra: 2007

Uvas: 100% Cabernet Sauvignon

Comentários:
Vermelho brilhante levemente translúcido e halo também avermelhado.

Na taça mostrou-se um vinho frutado, com aromas de média potência que lembram frutas vermelhas frescas com um toque de mentolado.

Na boca tinha corpo médio, com taninos macios e acidez correta, mas um pouco quente por causa dos seus 14% de alcool.

Deixou um retrogosto frutado mas pouco persistente e no fundo de taça ficou um leve toque de fumaça.

Na minha opinião é um bom vinho para o dia a dia.
Pelo preco baixo, eu esperava menos.Surpreendeu.
Um vinho simples mas honesto.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Amancaya 2006


Já escrevi aqui no blog várias vezes que foram poucos os vinhos que eu gostei a ponto de comprar mais de uma garrafa, e este foi um deles.

Este argentino é produzido na região de Mendoza pela Bodegas Caro ,que é nada mais nada menos do que uma parceria entre a argentina Catena Zapata e o francês Barons de Rotschild, proprietário do mundialmente conhecido Chateau Latife.

O Vinho: Amancaya

Safra: 2006

Uvas: 60% Cabernet Sauvignon e 40% Malbec

Comentários:
Cor violeta profundo com aura rosada.
Brilhante e levemente translúcido.

Aromas potentes que lembravam frutas frescas, groselha e frutas maduras, com notas de grama molhada e amêndoas.

Na boca apresentou corpo médio com taninos suaves e acidez correta.

Uma boa persistência e fundo de taça com aromas frutados.

Na minha humilde opinião este é um vinho macio e harmonioso que vale cada centavo investido nessa compra.
Ao meu ver, este é um argentino com alma francesa!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O Vinho e a Pintura! Veronese


Paolo Veronese nasceu em Verona provavelmente em 1528 e morreu em Veneza em 1588.

O nome Veronese foi incorporado por ele pelo fato de ter nascido em Verona e ser conhecido por "Il Veronese". O nome de batismo era Paolo Caliari. Também pintou "A Últim Ceia". Está no Museu de Brera, em Milão. Foi pintado em 1585.

Fonte:www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Niepoort Colheita 1976


Como já havia escrito no post do barolo (relembre) , sempre procuro uma data de comemoração para abrir um bom vinho, e no meu aniversário resolvi abrir uma relíquia que eu tinha na minha adega...um vinho do mesmo ano que eu nasci!

Certo dia resolvi que queria provar um vinho da minha "safra", por pura curiosidade em provar um vinho com mais de 30 anos.

Após muito pesquisar nas grandes (e pequenas) importadoras, encontrei algumas opções interessantes, mas na época o único vinho que cabia no meu orçamento era este aqui.


O Vinho: Porto Niepoort Colheita

Safra: 1976

Uvas: Não encontrei referencia (se alguém encontrar, por favor me avise!)

Comentários:
Na taça mostrou uma bonita cor âmbar, translúcido com aura marrom alaranjada.

Aromas potentes com o álcool sobressaindo, lembrando as amêndoas com um toque de resina e bem adocicado.

Na boca era quente no primeiro gole, mas em seguida mostrou-se macio, aveludado e doce com um toque cítrico.

Deixou no fundo da taça um aroma de fumaça e caramelo e na boca deixou um retrogosto cítrico com uma persistência "infinita".

Particularmente não sou um grande conhecedor dos vinhos do porto, mas posso dizer que adorei esta garrafa.

Um verdadeiro vinho de meditação.
Vale a pena comprar uma outra garrafa, caso eu encontre.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Marco Luigi Tributo Prosecco


Nossos amigos da Vinícola Marco Luigi foram extremamente gentis e atenciosos em me ceder algumas amostras dos seus vinhos para provar.

O primeiro que abri foi este prosecco, produzido com uvas cultivadas em vinhedos próprios no sul do país.

O Vinho: Marco Luigi Tributo Espumante Natural Brut - Prosecco

Safra: Não encontrei indicação

Uvas: Chardonnay e Pinot Noir

Comentários:
Uma cor muito bonita, amarelo palha com reflexos esverdeados, com perlage fina e constante.

Aromas refrescantes, persistentes e levemente adocicados que lembravam pêssegos em calda e maçã verde, com toques cítricos e florais.

Na boca é refrescante, com um corpo leve, uma boa acidez e uma boa persistência. A perlage é persistente e proporciona umas leves “picadas” na língua, que deixam a boca salivando depois de cada gole.
Sem nenhum toque de amargor final, tem um conjunto bem equilibrado.

Para o meu paladar este é um ótimo espumante que agrada todo tipo de pessoa, desde a mais experiente, até as pessoas que não tem muita experiência com vinhos finos, mas gosta de apreciar um bom espumante.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A Última Safra - por Elmo Dias

A Última Safra - por Elmo Dias

Espedito descobriu que estava morrendo.

Não estava morrendo como todos nós, que a cada dia vivendo conta um dia morrendo.

Estava morrendo mesmo, rápido, daqui a pouco, insustentável leveza do ser.

Seu médico era o estereótipo do médico dos anos 60.

Um cara magro mas nada atlético, sempre asseado, cabelos brancos ainda volumosos, sempre arrumados, mesa limpa, óculos discretos.

A confiabilidade, o acolhimento e empatia do médico não ajudavam em nada agora.

Estava morrendo.

- “Mas... quanto tempo ?”

O médico, constrangido pela antiga quase-amizade, respondeu com a inexatidão inerente às carcaças humanas: “Dois meses, seis meses, um ano no máximo.”

Espedito nem se despediu da secretária, estava em transe.

O transe maldito, pesado, sombrio, onde todos os sons e imagens do momento presente parecem ser abafados por uma explosão que acabou de acontecer.

Sentou no carro e ficou esperando o choro.

Nada.

O choro também havia sido consumido pelo estarrecimento.

Sentou no banco do carro, abaixou a cabeça, ficou olhando para suas mãos.

A mesma cor, o dedo anular com a mesma cicatriz do tempo de exército, as mesmas unhas curtas e largas.

Baixou o pára-sol, ficou analisando no espelhinho suas rugas e suas pintas de maturidade na pele branca.

Não estava morrendo!

Estava tudo igual!

Os olhos ainda eram de um castanho sem graça, as sobrancelhas ainda não tinham fios brancos, o nariz largo e sólido.

Dirigiu até em casa, sem rádio e sem atenção.

Tentava organizar os pensamentos, tentava antecipar as conversas, tentava planejar seus últimos dias.

Seu mestrado em Mercados Emergentes já não servia pra mais nada.

Seu par de sapatos de pelica alemã já não valiam o preço.

Os trezentos mililitros de silicone que sua mulher colocara em cada seio já não eram estimulantes.

Resolveu não falar nada.

Entrou em casa, reuniu uma força hercúlea e até abriu um sorriso.

Ninguém desgrudou da tevê.

A mulher e os filhos comendo sanduíches com refrigerante e assistindo a novela indiana mal lhe disseram alô.

Ficou frustrado em desperdiçar seu sorriso falso.

Como estava no automático, ser semovente conduzido pela rotina, subiu, tirou a roupa no banheiro e jogou no chão.

Preparou o banho enquanto coçava suas partes íntimas.

Resolveu que ia cantar.

Cantar no chuveiro.

A água tépida envolveu sua pele, fluindo pelos cabelos e tomando o torso, enquanto tentava pensar no que cantar.

Desenterrou um samba velho, doído, que Nelson Gonçalves cantava com sua voz grandona.
No meio da canção, o choro veio.

Fundiu-se com a água do banho, perdeu-se no ralo.

Estava morrendo.

Ficou parado ali, depois de ter desligado o chuveiro, chorando sem expressão facial.

Pensou nas viagens, nas risadas, nos porres, nas namoradas, nos empregos.

Já de pijama e chinelos, lembrou da parreira.

Desceu as escadas, acendeu as luzes do quintal, chegou perto dos arames onde a planta se agarrava e mostrava suas folhas quase lascivas.

Os pequenos bagos, duros, tão verdes que eram nervosos.

Pegou a plaquinha amarrada no pé da vinha de cinco anos.

Passou os dedos pelas letras cavadas da madeira.

“Chateau Espê”.

Mais uma vez, puniu-se por amar o nome idiota que tinha dado a seu vinho.

Vinte e cinco metros quadrados de vinha, num terreno de quatrocentos e poucos metros quadrados num bairro nobre de Curitiba.

Criticou-se por mais aquele de seus tantos projetos que não mudariam a história.
Nem a sua e nem a da humanidade.

Lamentou-se por todas a vezes que brochou, olhos congelados nas folhas largas da Bonarda.

Desceu à adega, pegou uma caneta e um pedaço de papel jornal.

Desgovernou-se a escrever coisas.

Coisas que deixava, coisas para pessoas, carinhos para pessoas, insultos para pessoas.

Pessoas que estavam na sua vida naquele momento, todas nítidas numa fotografia de grande formato.

Olhou para seus próprios pés, sobre os ladrilhos. Cortejou as vinte e seis garrafas de sua primeira safra, ali no canto.

Empilhadas com capricho, empoeiradas.

Fundos de garrafa com poeira, garrafas de sua própria colheita, uma glória inimaginável.

Mastigou suas pretensões, pretensões de garoto senil.

Dobrou o papel, enfiou no vão do pilar de tijolos crus.

Pegou uma das garrafas, subiu a escada, colocou na mesa de jantar.

Serviu na maior taça que tinha. Cheirou.

Uva indômita, uva desavergonhada, uva, só uva.

Deu um gole áspero.

A mornidão do suco de uva ralo lhe fez rir sem vontade.

A tevê explodindo em cores e luzes contra o móvel da bancada da cozinha.

A poeira nas mãos, o vinho na taça.

Guindou-se da cadeira, foi dormir no transe espremido, na consciência opressora da efemeridade.

Estava morrendo.

Agora só queria dormir com os olhos pesados pelo álcool insolente de seu Chateau Espê.

Amanhã continuaria a morrer.

Elmo Dias é advogado civilista, presidente da Afavep, pescador, tenista, enófilo e cronista nas horas vagas (bem vagas)

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Vinho e a Pintura! Nicolas Poussin


Nicolas Poussin nasceu em Villers, perto de Paris em 1594 e morreu em Roma em 1665. Este quadro tem dois títulos: "O Outono" ou "O Cacho de Uvas Trazido da Terra Prometida".

Fonte: www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Terramater Vineyard Reserve Cabernet/Carmenére


Um tempo atrás descobri o Empório Vinis, na cidade de itatiba, onde acabei comprando algumas garrafas dos vinhos importados com exclusividade por eles.

Este aqui é o terceiro vinho que estou provando, sendo que e até agora os outros dois já me agradaram bastante..

Novamente este é um vinho da linha intermediária da Terramater, só que o primeiro era um varietal e este aqui é um corte.

O Vinho: Terramater Vineyard Reserve

Safra: 2006

Uvas: Cabernet Sauvignon e Carmenére

Comentários:
Na taça mostrou uma cor violeta profundo, brilhante e com aura na mesma tonalidade.

Os aromas eram de média potência e boa persistência, que lembravam frutas vermelhas frescas e maduras, um toque herbáceo e uma leve baunilha, proveniente do seu período de descanso em barricas de carvalho.

Na boca apresentou corpo médio com taninos bem leves e uma acidez correta.
Um vinho bem harmônico e correto.

No fundo da taça ficaram aromas frutados com notas esfumaçadas.

Particularmente, gostei mais do varietal Cabernet Sauvignon, mas mais uma vez a linha intermediária da Terramater não decepcionou. Vale a pena provar!
Agora estou curioso para provar os dois Limited Reserve que ainda tenho aqui.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Vinhedos Emiliana Syrah 2007


Este era um daqueles vinhos que eu sempre olhava com curiosidade, mas sempre deixava pra comprar depois.

Um dia desses encontrei ele em uma promocao num supermercado próximo da minha casa e não resisti em comprá-lo.

O Vinho: Vinhedos Emiliana

Safra: 2007

Uvas: 100% Shiraz

Comentários:
Na taça apresentou uma cor violeta profundo com reflexos na mesma cor.

Aromas frutados e de média potência que lembram frutas vermelhas maduras como morango e cerejas, com um toque levemente refrescante.

Na boca foi um vinho redondo, de corpo médio, com taninos suaves e acidez correta.
Se muita complexidade em geral.

Particularmente eu não esperava muito deste vinho, mas este acabou me surpreendendo quando se mostrou um vinho simples, mas muito bom para o dia a dia, com um bom custo x beneficio mesmo considerando seu preco normal.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Experiência Estética - por André Logaldi

A Experiência Estética - por André Logaldi

Dentro de minha vivência tenho inúmeras vezes me deparado com a colocação de que o ato de compreender e ser atingido emocionalmente por um objeto que contenha em si algum significado seria uma atribuição essencialmente humana, por seu fundamento de cognição, a inteligência que faltaria a outros animais.

A significação é uma expressão simbólica e abstrata que transcende o próprio objeto e implica que o observador tenha a mínima capacidade de, através de sua bagagem cultural e interpretativa, captar elementos que validem sua observação transformando esta em uma apreciação.

Também se atribui à capacidade sensorial um nível de hierarquização que acredito de modo ilegítimo, pressupõe que alguns sentidos sejam superiores a outros, os inferiores mais nos aproximando de seres irracionais. Assim, no nível inferior teríamos tato, olfato e paladar, em geral admitidos como primários e meramente ligados antes à sobrevivência do que a um plano cognitivo, nobre, ligado à inteligência e habilidade de abstração. Dentro deste plano superior, basta lembrar o título da obra de Claude Lévi-Strauss “Olhar, escutar e ler” que sublinha evidentemente a excelência dos sentidos de visão e audição como os maiores representantes da percepção estética. O que são grandes obras de arte senão objetos, arquiteturas, músicas, pinturas, esculturas, poesias e afins?

No século XXI já é notório também a evolução da gastronomia mais do que nunca elevada à categoria de ciência, provedora de múltiplas estimulações sensoriais inclusive táteis e talvez transformando pouco a pouco os sentidos de paladar e olfato em veículos de cognição. Desta maneira, se para a iconografia um quadro da Santa Ceia exigiria uma contextualização histórica de um observador, sob risco da perda de seu significado (o que um aborígene australiano diria desta obra?), agora parecemos caminhar na mesma direção quanto aos nossos sentidos que eram tratados como simplesmente subsistenciais.

Paralelamente temos a experiência de provar grandes vinhos, que em nada se distancia das experiências estéticas uma vez que o significado cultural por trás de uma garrafa pode ser igualmente transcendente e nos melhores casos, a experiência sensorial por si também proporciona intenso prazer.

Os objetos que carecem de significado são tidos como “funcionais” e seguindo a trilha, temos vinhos igualmente funcionais uma vez que podem apenas estabelecer sua premissa mais básica, sobretudo quando visto como um alimento.

No plano superior se tomarmos o exemplo de um grande vinho, como o Mouton-Rothschild, veremos que esta casa agregou valores vinculados à sua história, à consistência e perseverança de uma família que se propôs a elaborar um vinho que melhor representasse o valor de suas terras, compradas em 1853. O que se compra é mais do que uma garrafa de vinho, mas um produto final que guarda por trás de si uma tradição e o comprometimento com a qualidade máxima possível, o que pode ser quase comparado a um juramento hipocrático, ou seja, uma garantia de retidão e ética no exercício de seu ofício.

A experiência emocional de apreciação da arte pressupõe muito mais do que a familiaridade com os objetos retratados, mas com temas específicos e conceitos. A percepção da arte como tal pressupõe no apreciador uma habilidade individual bem fundamentada. A experimentação estética se baseia na consonância entre a intenção do autor e o conhecimento do apreciador. A arte não se auto-explica, mas é intuída, do contrário seria apenas o objeto funcional.

E enfim, depois de muito tempo de evolução, parece que a experimentação estética no campo dos vinhos está se disseminando e o melhor, graças a esforços intelectuais dos apreciadores, que acima das intempéries financeiras, se multiplicam. E por isso a arte, independente da origem do estímulo, segue sem preço.

André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Vinho e a Pintura! - Louis Le Nain


Mais uma obra de Louis Le Nain, um artista fantástico e pouco conhecido no Brasil.
Este quadro está no Museu do Louvre, em Paris.
Louis Le Naim era o mais novo de uma família de pintores da Picardia (França).

Fonte:www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Courmayeur Acclamé 2008


Mais um dos vinhos da vinícola Courmayeur, que produz diversos rótulos entre brancos, tintos e espumantes.

Este rótulo em especial, me chamou a atenção por ser produzido com a uva Marselan, uma casta de origem francesa, resultante do cruzamento das uvas Cabernet Sauvignon e Granache Preto.

O Vinho: Acclamé

Safra: 2008

Uvas: 100% Marselan

Comentários:
Na taça mostrou uma bonita cor rubi, translúcido e brilhante.Praticamente sem halo aquoso.

No olfato mostrou aromas de leves que lembravam frutas frescas, como goiabas e morangos e cerejas, com um toque refrescante de menta.

No paladar tinha um corpo leve, taninos macios e uma boa acidez, criando um conjunto equilibrado.

Na minha opinião, apesar de não ter muita complexidade, o vinho mostrou-se bem gastronômico e acompanhou muito bem uma macarronada.
Uma boa pedida para o dia a dia.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Saurus Pinot Noir 2007

A Família Schoroeder sempre teve a fama de produzir bons vinhos na Patagônia Argentina.

Assim que encontrei esse vinho com um bom preço, não resisti e comprei uma garrafa para ver se oque diziam era verdade.
E para minha sorte, era.

Uma curiosidade com relação a este vinho, é que seu nome "Saurus" foi dado em homenagem aos fósseis de dinossauro encontrados na região da Patagônia Argentina.

O Vinho: Saurus

Safra: 2007

Uvas: 100% Pinot Noir

Comentários:
Na taça mostrou uma bonita coloração vermelho brilhante e translúcido com aura rosada.

No nariz apresentou aromas intensos que lembram frutas frescas com notas herbáceas e logo evoluindo para frutas em compota.

Na boca o vinho tinha um corpo leve com taninos redondos e uma acidez correta, que deixa a boca salivando esperando mais um gole.

Tem uma boa persistência com retrogosto frutado e deixou no fundo da taça aromas frutados com um toque defumado.

Na minha opinião este é um ótimo vinho, equilibrado e elegante.
Um vinho fino com um toque refrescante.
Vale a pena provar!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Concurso Cultural Nosso Vinho

Concurso Cultural Nosso Vinho
Nosso amigo e confrade Paulo, do Nosso Vinho, criou um concurso cultural que vai premiar a melhor frase sobre o vinho com uma garrafa de Ca Marcanda Magari.
Por sorte do destino, a frase que enviei está entre as 5 finalistas e nesse momento peço a ajuda de todos vocês para tentar ganhar esse vinho.
Para me ajudar a ganhar o concurso, é só clicar neste link e votar na minha frase.
O processo é bem rápido, é só escolher a minha frase ( a última da lista ), clicar no botão "Submit Survey" e na próxima tela preencher o seu nome e e-mail e clicar novamente no "Submir Survey" para confirmar o voto.
A votação será encerrada no dia 18/10 às 18:00Hs e o resultado será publicado logo em seguida.
Desde já agradeço a todos que puderem ajudar!
Jean

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Muitos Domingos Depois - por Elmo Dias


Muitos Domingos Depois - por Elmo Dias

Firmino estava sentado na mesa apertada da copa, olhando sua mulher picar cheiro verde naquela tábua encardida e empenada, já patrimônio imprescindível e irritante da mesmice.

Mesmo sob protestos, conhecidos protestos, havia preparado uma caipirinha para si, e lia os classificados buscando um carro menos usado do que o seu, já bem usado.
Cacoete de domingo.

Eulália resmungou alguma coisa sobre a cunhada que tinha se separado, e Firmino ergueu os olhos apenas para não ignorar totalmente com o já automático “aham”.
De repente, encarou aquela bunda.

Ficou por uns segundos, submetido ao efeito dominó de suas emoções, olhando aquela bunda enorme apertada numa saia de tecido marrom, rumando da indiferença confortável até o estarrecimento.

Uma série torrencial de pensamentos se sobrepôs.

Deixou o jornal na mesa, largou o copo de caipirinha, enquanto parecia ouvir uma orquestra sinfônica executando, em fortíssimo, o ápice de uma ópera de Wagner.
Nunca havia caído em si daquele modo. Ficou ali, quase suspendeu a respiração, olhos vidrados.

Um insight feito por uma zarabatana com curare.

A bunda não se mexia muito. A tensão da saia, que punha à prova as suas próprias costuras, garantia certa firmeza.

Os quadris, contudo, tremelicavam um pouco, em contraponto à faca escorregando num vai e vem, desfiando a salsa e a cebolinha.

Firmino foi arremessado para a cena em que, depois do baile, ao lado da jaqueira no fundo do Clube Vera Cruz, havia pela primeira vez colocado as mãos na cintura de Eulália.

Ela de vestido tubinho, preto com branco, cabelo chanel, luvas de cetim, narizinho perfilado, o cheiro do pó de arroz e da água de colônia.

Puro viço sobressaltado, coraçãozinho de coelho.

Gestos rápidos, carótidas pulsando, o beijo que se fingiu ter sido roubado.
Trinta e quatro anos atrás, a bunda na sua frente era uma sentença de sua própria história.

Aquela bunda de outrora era nada mais que um belo e econômico estofo idealizado para sentar.

A bunda atual estava na mesma pessoa, mas agora dava a chance para Eulália sentar por três ou quatro dias sem sentir dor.

O derriére que estava na sua frente agora parecia uma poltrona embutida. Algo que garantia até que um tiro de AR 15 sequer provocasse sangramento.

O flashback lhe fez o calor correr a face, a caipirinha pareceu refluir na corrente sanguínea, querendo lhe sair pelos poros.

Sentiu uma louca necessidade de beber mais.

O vizinho ligou um rádio vagabundo e muito alto, que começou a tocar algum axé indecente.

Para horror de Firmino, o alho que começara a ser cortado agora pegou ritmo baiano, a bunda extra king size começou um rebolado discreto mas fatal, o que lhe horrorizou lhe fazendo quase fechar os olhos e gemer.

Gemeu mesmo, baixinho, enquanto levantava impulsivamente e ia até a sala, abrir o armariozinho branco que fizera embaixo da escada, e pegar uma garrafa do único vinho que tinha ali.

Guardado, às dúzias, um vinho sul africano que havia arrematado num leilão.
Odair, seu amigo que o levara ao leilão, ficou rindo muito depois que ele descobriu que eram sessenta garrafas de um vinho barato e sofrível.

Mas Firmino havia achado um motivo para tentar se refinar: pagou ao primo que era marceneiro para fazer a sua “adega”, embaixo da escada.

Pegou seu saca rolhas de supermercado, dilacerou a rolha, encheu três quartos de uma de suas taças de vidro grandalhonas e grosseiras.

Olhou para a cristaleira, o jogo desfalcado de copos lilazes e sua jarra de cristal, com motivos florais dourados.

A sopeira de porcelana chinesa com uns gatos feios, gatos que pareciam vesgos, gatos estrábicos que sempre lhe causaram um certo arrepio desgostoso.

Deu um gole enorme, quase engasgou.

O vinho quente, o álcool lhe subindo pelo nariz, babou um pouco na camisa amarela.
Lembrou do samba do Ary Barroso, das marchinhas do Lamartine Babo, e começou a rir sozinho.

Lembrou das micagens que fazia para Eulália enquanto dançavam Adoniran tocado pelos Demônios da Garoa.

O relógio de parede badalou meio dia, respirou fundo, tomou mais um gole sequioso, pegou a garrafa e voltou pra cozinha.

O axé, por bênçãos dos céus, havia parado.

Agora só ouvia o vizinho peludo e gordo cantando uma moda de viola antiga enquanto lavava o monza preto e fosco.

Evitou olhar a bunda.

Pegou novamente o jornal e enfiou o nariz nos classificados, sem qualquer capacidade de concentrar-se.

Quando Eulália falou alto, repetindo a pergunta de se ele havia acendido a churrasqueira, estava com os olhos fixos na seção de carros da Jaguar.

Respondeu que já ia fazer isso, e ao mesmo tempo riu de novo, agora frouxo, meio desconsolado.

Riu mais ainda quando fez foco com os olhos, e viu o preço de duzentos e cinquenta mil reais de um Jaguar usado num anúncio perdido em que seus olhos pousaram.

Abaixou o jornal, uma onda levemente ébria se espraiou por suas costelas.

Olhou para o pescoço e os ombros fofos da mulher, viu a correntinha de amarelo já envelhecido que havia lhe dado, pingente de golfinho.

Ela adorava golfinhos.

Eulália murmurou um trinado, afinada que era, com a voz de contralto. Dois pra lá dois pra cá, tentando até fazer as evoluções da Elis.

Cantarolou com leveza, num prazer tolinho de alegria aconchegante.

Virou, viu Firmino com a garrafa e a taça.

Imediatamente parou de cantar.

Firmino esperou a repreensão, esperou a implicância, a ralha.

Preparou-se para fazer sua conhecida cara de moleque insolente, não falar muito e prosseguir fazendo o que não devia.

Eulália olhou firme nos olhos dele, e para sua surpresa, voltou a cantar.

Quase solfejando, deu três passos movendo as enormes ancas na direção dele,.
Empurrou ele e sua cadeira pra trás, sentou no seu colo.

Pegou a taça, deu um belo gole e em seguida lhe beijou ao mesmo tempo mordendo sua orelha.

“Não tem vinho pra mim?”- perguntou, rindo, maciamente, entre a lascívia e a ternura maternal.

Firmino apertou a bunda enorme, beijou o pescoço de Eulália e depois lhe atacou com um beijo na boca, rindo e sentindo o calor do corpo maduro da mulher.

Wagner parou de tocar, Elis tomou o palco, e os dois cantaram juntos o refrão enquanto ele se levantava, dava um tapa estalado naquela bunda grande e ia até a sala buscar mais uma taça.

Sentiu uma culpa dura, pontuda, enquanto o tesão reverberava em seu corpo.
Foi desafinando até a cristaleira, a voz fanhosa. “eu hoje me embriagando, de whisky com guaraná…”

Sentiu-se etéreo, o calorão na nuca lhe fez esboçar um sorriso firme e satisfeito.
Voltou com a taça, e enquanto servia três quartos para Eulália, olhou de novo a bunda.

Trinta e quatro anos de boleros de João Bosco e um quadril tão grande quanto sua felicidade.

Elmo Dias é advogado civilista, presidente da Afavep, pescador, tenista, enófilo e cronista nas horas vagas (bem vagas)

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O Vinho e a Pintura! - Pieter de Hoock


O quadro "Mulher Bebendo com Soldados" é de 1658 e está no Museu do Louvre, em Paris.
Pieter de Hooch, nasceu em Roterdam, na Holanda em 1629 e morreu em 1684 em Amsterdam em um asilo de doentes mentais.

Fonte:www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Terramater Vineyard Reserve Cabernet Sauvignon

Recentemente comprei algumas garrafas do pessoal lá do Empório Vinis, na cidade de Itatiba, onde fui atendido pela Mariana e acabei trazendo algumas garrafas dos vinhos chilenos produzidos pela TerraMater. Vale lembrar que comprei todas as garrafas sem provar antes, mas até agora os resultados foram muito bons.

Como já havia gostado muito do Sauvignon Blanc (relembre aqui), logo achei uma oportunidade para abrir mais uma garrafa.

Desta vez escolhi um vinho da linha intermediária, chamada de Vineyard Reserve que é a linha logo acima da básica Paso Del Sol, mas ainda abaixo da Limited Reserve e da top Altum.

O Vinho: Terramater Vineyard Reserve

Safra: 2006

Uvas: 100% Cabernet Sauvignon

Comentários:
Na taça apresentou uma cor rubi profundo, levemente translúcido e com aura levemente marrom, mostrando alguns sinais de envelhecimento..

Os aromas de média potência lembravam frutas em compota, ameixas e goiaba fresca com notas herbáceas e de baunilha.

Na boca é redondo, com corpo médio, taninos macios e uma acidez corretíssima para acompanhar uma macarronada de domingo.

Deixou no fundo da taça aromas predominantemente de baunilha ou algum doce com baunilha e um toque de fumaça.

Para o meu paladar este é um ótimo vinho, bem equilibrado e macio.
Fiquei surpreendido com a qualidade desta linha intermediária e já estou curioso pra ver como serão os dois da linha Limited Reserve que tenho aqui.

Vale a pena provar!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Quer saber mais sobre o Jerez?

É uma das mais famosas regiões vinícolas da Espanha, situada ao sul de Sevilla, mais precisamente próxima da costa atlântica, nas cercanias das cidades de Jerez de la Frontera, San Lúcar de Barrameda e El Puerto de Santa María, próximas a Cadiz.

O método de elaboração O Jerez, como o vinho do Porto, é um vinho fortificado, isto é, que recebe a adição de aguardente vínica, tornando-se mais alcoólico e "mais forte".
No Porto a aguardente é adicionada durante a fermentação, interrompendo-a e originando um vinho doce, enquanto no Jerez ela é adicionada após a fermentação ser concluída, dando um vinho seco.

O aroma e gosto especiais e únicos do Jerez se devem à uva, ao método de elaboração específico e ao envelhecimento pelo sistema de “solera” que comentaremos mais à frente.

O Jerez sempre é um corte (mistura) de vinhos de vários anos diferentes e não de uma só safra.
O Jerez é envelhecido pelo sistema original: o sistema Solera, onde são utilizados barris de carvalho americano, denominados botas, com capacidade para 600 litros, cheios até 5/6 de sua capacidade.

Enquanto em outras regiões vinícolas os barris são hermeticamente fechados, em Jerez eles são abertos para permitir que o vinho seja airado pela brisa do sudoeste.
Terminada a fermentação alcoólica e esgotados os açúcares do mosto, as leveduras sobem até a superfície e formam uma película, o velo de flor (véu de flor) ou simplesmente flor de Jerez.

Esses microorganismos permanecem na superfície do vinho, e aí, na presença do oxigênio do ar, transformam alguns componentes do vinho. Esse processo de intensa e contínua ação metabólica das leveduras da flor denomina-se crianza biológica e, na realidade, é um envelhecimento biológico do vinho, e confere as características organolépticas (sensoriais) únicas do Jerez.

As botas são colocadas em, pelo menos, três fileiras superpostas. A primeira, a solera, colocada no chão, contém o vinho mais velho pronto para ser engarrafado e as que estão sobre ela denominam-se criaderas. A quantidade de vinho que é retirada da solera é reposta com o vinho da fileira logo acima, a primeira criadera, que por sua vez é completada com o vinho da fileira superior, a segunda criadera e assim por diante, até a criadera superior (mais jovem) que é preenchida com o vinho mais novo daquele ano.

Existem oito tipos principais de Jerez, a saber:

Fino - é pálido da cor da palha, seco, com um aroma delicado de torrefação e de nozes, seco e leve no paladar e envelhecido sob a "flor". Deve ser servido ligeiramente gelado.

Manzanilla - é um Fino muito seco, exclusivo das bodegas de Sanlúcar de Barrameda, onde é envelhecido sob a "flor". Possui as características do Fino, acrescidas de aroma e gosto da brisa marítima que existe nas bodegas de Sanlúcar. Também deve ser servido ligeiramente gelado.

Amontillado - tem cor âmbar, é seco, envelhecido e tem aroma de nozes, porém mais intenso e mais fresco do que os dois anteriores. Na boca é mais macio e encorpado.

Oloroso – seco, às vezes doce, envelhecido, encorpado, da cor âmbar do mogno e, como o seu nome sugere, seus aromas são fragrantes e intensos e lembram também a nozes.

Palo Cortado – seco, envelhecido, muito pouco produzido.

Pale Cream - de cor de palha bem pálida e com aromas de torrefação é macio e doce no paladar.

Pedro Ximenez – doce produzido por poucas vinícolas, equivale ao tipo anterior.

Cream - é um Oloroso muito doce feito com a uva Pedro Ximenez. Tem cor de mogno bem escuro e aromas de torrefação intensos e delicados. No palato é bem doce, redondo, aveludado e bem encorpado.

Fonte:http://www.enoteca.com.br/index.php?id=31821

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Adega Chesini Gran Vin - por André Logaldi


Este é um vinho produzido no Rio Grande do Sul pela Adega Chesini (http://www.adegachesini.com.br/ ), que gentilmente nos cedeu duas amostras do seu vinho top para que pudéssemos conhecê-lo.

Seguem abaixo os comentários do André sobre ele.

Um vinho de coloração intensa, ainda muito jovem no aspecto visual, rubi violáceo concentrado, lágrimas fartas que tingem as bordas da taça.

No exame olfativo, de intensidade média, predominam aromas de frutas maduras (escuras), algo de especiarias e notas empireumáticas leves, mais próximas de tons lácteos do que tostados, nuances de chocolate e ervas secas.

Na boca, deveria se esperar um vinho tão concentrado quanto na cor, mas tem uma estrutura relativamente leve, corpo leve-médio, média acidez, o álcool de impressionantes 14%, sobra um pouco. Estrutura tânica também de média intensidade, textura agradável, de ataque macio e leve secura final. Deixa um retrogosto de frutas maduras e tem uma persistência curta-média.

O vinho passa em maturação em barricas de carvalho, mas sem menção do tempo, inclusive no site da empresa, de Farroupilha.

O vinho não tem estrutura suficiente para suportar longa guarda, provavelmente não mais do que 6 anos, embora a análise de uma única garrafa não seja um parecer definitivo.

Em linhas gerais, se mostra muito rico em cor, razoável complexidade olfativa e estrutura de boca marcada por leve desequilíbrio alcoólico e falta de melhor expressão de fruta, acidez e taninos. Minha descrição não dever ser tomada como um indicador de falha, sobretudo na acidez, que muitas vezes pode se mostrar correta ao verificarmos o pH, mas no equilíbriop geral o álcool saliente pode causar esta impressão de acidez, não necessariamente baixa, mas insuficiente.

Não tenho dados técnicos para tentar decifrar os eventuais méritos ou falhas de vinificação, se o álcool atingido foi por meio de chaptalização ou não.

O vinho tem uma boa apresentação geral, com uma bela garrafa, capricho no rótulo e na rolha. Não tenho o preço, mas dependendo do valor pode ser uma boa opção de mercado.

Aproveitei para analisá-lo sob a ótica gastronômica e ele se mostra um vinho agradável e apto para harmonizações com pratos de peso mediano e alguma untuosidade até (o que pode indicar que a acidez não é tão baixa, mas o álcool que é mesmo muito).

Se alguém ficar curioso com relação à uma nota, a minha seria 83-84.
Num resumo final, o vinho me parece no limite das possibilidades da casta em território brasileiro, que gera vinhos que não devem e nem podem ser muito melhores do que este. Me parece que os cuidados de vinificação foram adequados, com as limitações relacionadas antes à casta e ao terroir do que propriamente do trabalho do enólogo.

Não os conhecia e acho que vale a pena prestar atenção à família Chesini daqui para diante. A tendência natural deve ser melhorar.

Este vinho me lembra muito alguns vinhos espanhóis do tipo “Joven” ou “Roble” com breve passagem em barricas e justamente como este exemplar nacional, ricos e concentrados em cor, madeira discreta e paladar de média intensidade, frutados porém faltando uma estrutura mais sólida. Se a intenção deste vinho for relativamente modesta, ele pode ser considerado um ótimo vinho, mas se a idéia é ou foi fazer um vinho premium, ele deixa a desejar, repito: não por descuido, mas pelas limitações de terroir.

Sem dúvida é uma empresa séria e confiável. Erros e acertos são inerentes ao desejo e continuidade do trabalho.

André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Vinho e a Pintura! Santa Ceia

Esta pintura está na igreja de Sant´Angelo, em Capua (Itália). Foi pintado no ano de 1100, por um mestre bizantino desconhecido. É a Santa Ceia antes de Da Vinci.

Fonte:www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Courmayeur Espumante Moscatel

Este aqui é mais um dos vinhos que adquiri da Vinícola Courmayeur.

Como já havia acontecido com o Reserva Merlot, este aqui também foi um vinho que valeu a pena comprar.

O Vinho: Courmayeur Espumante Moscatel

Safra: 2008

Uvas: 100% Moscatel

Comentários:
Na taça apresentou uma cor amarelo palha , límpido e com uma perlage fina e constante.

Aromas de boa persistência que lembravam abacaxi, maracujá e mel, com um toque cítrico.

Na boca é doce, mas sem ficar enjoativo, lembrando pêssegos em calda com um final bem cítrico.
Muito bem equilibrado.

Na minha opinião este é um ótimo espumante, perfeito para quem não gosta dos vinhos Brut ou Extra Brut.
Muito bom para abrir em um dia de calor.
Se voce ficou interessado pode comprar diretamente do setor de vendas da vinícola.

sábado, 3 de outubro de 2009

Miolo Seleção Tinto 2008



Novamente atrasado, mas desta vez não foi tanto........

Este é o vinho do mês de Outubro da Confraria Brasileira de Enoblogs, escolhido pelo nosso confrade Laércio, do blog Avaliador de Vinhos.

Ao que parece, a escolha deste vinho foi motivada pelas mudanças realizadas nesse vinho na safra 2008.

A primeira grande alteração visível foi o rótulo. Onde antes havia o antigo rótulo já conhecido por todos com seus detalhes monocromáticos em cinza, agora temos um rótulo totalmente repaginado em preto e vermelho, destacando a nova composição do corte.

O Vinho: Miolo Seleção Tinto

Safra: 2008

Uvas: Cabernet Sauvignon e Merlot

Comentários:
Cor rubi levemente translúcido, praticamente sem aura.

Aromas de boa potência que lembram ameixas, goiabas, frutas em compota com toques de amêndoas e menta.

Na boca apresentou corpo médio com taninos leves mas ainda presentes, uma acidez dentro do padrão normal e que no geral deixou o vinho equilibrado.

Um fundo de taça com aromas de frutas e defumado completaram o conjunto.

Confesso que particularmente fiquei surpreso, de forma positiva, com essa nova versão do Miolo Seleção. O vinho me agradou bastante, bem equilibrado e se mostrou um vinho justo para se beber no dia a dia.

Uma ótima surpresa do nosso amigo Laércio. Parabéns!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Courmayeur Espumante Chardonnay Brut

Este aqui é o terceiro entre os 6 que adquiri da Vinícola Courmayeur.

Neste caso é um espumante brut, produzido predominantemente com uvas Chardonnay e uma pequena parte de Pinot Noir, utilizando o método Charmat.

O Vinho: Courmayeur Espumante Chardonnay Brut

Safra: 2008

Uvas: 100% Chardonnay

Comentários:
Na taça apresentou uma cor amarelo palha com reflexos esverdeados e uma perlage de tamanho médio, não tão fina quanto os espumantes anteriores.

Aromas de boa persistência que lembravam frutas verdes, algo de tostado com um final levemente adocicado.

Na boca é bem seco, refrescante, com corpo bem leve e com uma acidez pronunciada, mas com uma persisência um pouco menor que os outros espumantes do mesmo produtor.

Deixa um leve amargor no final da boca.

Na minha opinião este é um bom espumante nacional, perfeito para quem gosta de vinhos Brut com um bom custo x benefício e pode ser adquirido diretamente no setor de vendas da Courmayeur.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma Última Tacinha - por Elmo Dias


Uma Última Tacinha - por Elmo Dias

A vida toda tinha sido assim.
Não me surpreendia que, depois de quase um ano, eu encontrasse aquele envelope no bolso do meu sobretudo mais velho e marcado.
Um envelope de papel cartão, curto, retangular, rude.
Na face do envelope, a letra marcada, feia e direta de meu pai.
Sempre fora assim, a vida dele havia sido assim.
Sem rodeios, mas sempre com conteúdo.
Era início da noite, lusco-fusco no céu do sul, janela aberta, vento gelado no rosto. Tremi.
A adrenalina, a culpa, o remorso sem nexo, tudo me invadiu.
Sentei no baú dos cobertores, no pé da cama.
Vagarosamente, sem pressa, sem coragem, peito pressionado, puxei a folha de papel de dentro do envelope.
As letras fundas e pequenas sussurraram a voz tão conhecida.

“Filho, com as botas sujas daquela terra salpicada de pedrinhas brancas, só pude me lembrar de você. O único do meu sangue que suportou minha falsa verve de conhecedor. Te deixo um litro e meio da tua paixão. Te amo. Seu pai, Paolo.”

No verso da folha, um desenho de traço infantil, apontando o terceiro degrau da escada da casa onde eu havia crescido.
Jantei com os olhos fixos e com a ansiedade embrulhada dentro do estômago.
Os sons da minha casa, mulher, filha, televisão, devagar foram morrendo.
A noite comeu a cidade, e tudo o que se ouvia era o som da chuva nas folhas da palmeira do jardim.
Duas da manhã, liguei o carro e fiquei estático, sozinho dentro dele, durante minutos a fio, me enfrentando, pensando se eu já era homem pra aquilo tudo.
O vidro embaçava, o pulso pulava.
Deixei que a infância empurrasse o acelerador.
Depois de alguns quilômetros vendo as luzes da cidade perderem a forma no vidro molhado, desci do carro, enfiei o rosto nas golas do sobretudo me protegendo do frio e caminhei pela calçada rachada da casa velha.
A chave rodou no tambor da fechadura, a porta gemeu, acendi a luz solitária.
Revelaram-se os contornos e a herança afetiva do moleque.
Sentei no terceiro degrau da escada, a tábua pesada de madeira escura.
A única parafusada.
Fucei as gavetas da despensa, achei a chave de fenda com o cabo já bem gasto.
Desparafusei a madeira com tanto e ao mesmo tão pouco esforço, tentando entender se o rangido era da madeira ou da minha alma.
Puxei o degrau, encarou-me uma caixa de metal velha, poeira lhe dando a cor.
Eu havia me fascinado a vida toda com rótulos, safras, produtores.
História do vinho, ícones, harmonizações.
Leilões, encontros, ostentações.
Naquele momento, contudo, a única estampa que queria ver na garrafa era o sorriso debochado de meu pai, mais uma vez.
O velho sarcasmo, o amor enrustido.
O abraço tímido, o beijo raro, os olhos crus, como nenhum outro par de olhos.
Passei a mão pelo pescoço, pra desfazer o nó dentro dele.
Meus cabelos grisalhos estapeavam minha consciência, me gritando que nenhum gole de qualquer vinho valia o que eu queria de novo.
Nenhuma safra, nenhuma garrafa, nenhum vinhedo cobria o preço.
Mãos sujas de pó, ergui a garrafa, limpei com a manga do sobretudo.
O vidro escuro trazia uma peça de papel rústico, sem desenhos, sem marca, quase sem personalidade.
No pé do rótulo, contudo, letras de tinta escura, até borrada em alguns trechos. A frase sentenciava o fato, a compra no dia do meu aniversário.

“February fifteen, 1992, direct from the oak. Opus One Winery.”

Coloquei a garrafa no colo, olhei as paredes e a tinta puída que se segurava nelas.
Vi o gurizito correndo pela casa, sempre aos gritos da mãe, pedindo cuidado com a cristaleira, os vasos, os quadros, os espelhos.
Na saleta, na poltrona marrom, meu pai sempre acarinhava os próprios pés no tapete persa horroroso, lendo seu livro, taça ao lado.
Os filhos alvoroçavam os cômodos, ruidosos, até que o pai pigarreava ao fundo.
O momento onde a bagunça congelava.
Nunca, nunca deixe o pai levantar da poltrona.
Olhei para a mesa de jantar. A fotografia do cenário dos domingos, onde ele sentava na ponta.
Nós já adultos, minha mãe servindo seu ragú com polenta.
Só duas taças de cristal na mesa, minha e dele.
“O populacho que beba em vidro” – ele sempre dizia, e sempre se divertia, sob protestos das mulheres.
Me olhou tantas vezes, a barba branca começando a ressurgir depois do barbear da manhã, olhos já um pouco baços, tirando sarro das minhas notícias do Priorato, do renascer da Argentina, dos Pinots da Nova Zelândia.
Enfiava a colher na polenta com ragú, enchia a boca e me falava ainda mastigando que vinho bom de verdade amarrava a boca.
Lembrei do Fábio Júnior pedindo pro pai sentar que o jantar estava na mesa.
Lembrei de como ele já velho saiu pra chorar sozinho quando viu minha filha no vidro da maternidade.
Lembrei do primeiro dourado que pesquei na vida, o moleque gritando ao lado dele.
Lembrei dele emburrado depois que o Brasil perdeu em 1982.
Lembrei, lembrei, lembrei...
Fiquei ali, segurando aquela garrafa, tentando imagina-lo, ele que não falava meia palavra em inglês, negociando aquela garrafa na vinícola.
Limpei o pescoço molhado das lágrimas na gola da camisa, coloquei o degrau de volta, voltei pra casa.
No outro dia, pedi pra minha esposa um ragú com polenta no domingo.
Chamei todo mundo.
Comida pronta, mesa posta e cheia, minha mulher trouxe o ragú borbulhando na panela de ferro da minha mãe.
Peguei a magnum, coloquei sobre a mesa.
Olhei meus irmãos, abri a garrafa, sorri amargurado, servi a todos.
Servi também a taça de cristal pra cadeira vazia na ponta da mesa.
Minha filhinha, vendo o vinho servido, ergueu seu copinho de guaraná e repetiu as palavras de tantos e tantos domingos:
“U pupulaxo que beba in vido”.
Bebemos.

Elmo Dias é advogado civilista, presidente da Afavep, pescador, tenista, enófilo e cronista nas horas vagas (bem vagas)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Vinho e a Pintura! Leonardo da Vinci

"L´ultima Cena" (A Última Ceia) e "La Gioconda" (A Monalisa), os dois de Leonardo Da Vinci, são os quadros mais conhecidos do mundo. Um gênio reconhecido em várias áreas. Era anatomista, engenheiro, matemático, músico, naturalista, arquiteto, inventor e escultor. Nasceu em 1452 não se sabe exatamente onde, mas se sabe que foi próximo a Florença. Morreu na França em 1519.


O quadro mostra a última ceia de Cristo, no momento em que o vinho representa o sangue e o pão representa o corpo de Jesus.
 
Fonte: http://www.papodevinho.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Adega Chesini Gran Vin 2005

Este é um vinho produzido no Rio Grande do Sul pela Adega Chesini , que gentilmente nos cedeu duas amostras do seu vinho top para que pudéssemos conhecê-lo.

Assim que a garrafa chegou, não pude deixar de notar o cuidado da empresa com a apresentação do produto.

Um rótulo bonito, bem trabalhado e uma garrafa grossa.
Deixei a garrafa na adega por alguns dias mas logo encontrei uma oportunidade para degustá-lo.

O Vinho: Chesini Gran Vin

Safra: 2005

Uvas: 100% Cabernet Sauvignon

Comentários:
Na taça apresentou uma cor violeta profundo, quase negro, denso e com aura violácea.

Aromas de média intensidade que lembravam frutas vermelhas maduras, algo levemente adocicado e notas de chocolate e amêndoas.

Na boca, no primeiro gole mostrou um toque levemente cremoso, com corpo médio, taninos presentes de forma correta e uma boa acidez, criando um conjunto bem equilibrado.

Deixou na boca um delicioso retrogosto frutado e no fundo da taça restaram aromas de defumado e café.

Na minha opinião este é um ótimo exemplar de vinho nacional, que consegue provar que o Brasil tem potencial para produção de bons vinhos e só depende dos produtores encontrarem a melhor forma para chegar nesses bons resultados.

Vale a pena provar!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Vinho e Música!



Alguns dias atrás o nosso confrade Marcelo, do blog Vinificando me convidou para participar de uma “harmonização” entre vinho e música.

A brincadeira consiste em tentar combinar um vinho sugerido com uma música de sua escolha. Achei a idéia bem interessante e como adoro as duas coisas, aceitei prontamente o convite do Marcelo para ver no que poderia resultar essa combinação.

Abaixo segue a descrição do vinho que o Marcelo me enviou e a minha música para combinar com ele. Visite também o Vinificando para ver o vinho que eu escolhi e a música que o Marcelo sugeriu.

Côtes-du-Rhône 2005 (E Guigal)


Quero apresentar, para este novo desafio enomusical, um vinho que me agrada sempre e que é, para mim, um exemplo de um feliz encontro entre tradição e inovação em Bordeaux. Refiro-me ao Tinto da E Guigal, Côtes-du-Rhône. Sob a batuta do competente Marcel Guigal, que assumiu a vinícola em 1961, após a doença de seu pai Etienne Guigal, a E Guigal vem aprimorando cada vez mais os seus vinhos mais básicos, demonstrando cuidado e atenção para oferecer ao mercado algo que seja de real qualidade, a despeito do preço.

Côtes-du-Rhône 2005, produzido com 55% Syrah, 35% Granache, 8% Mourvèdre e 2% outras, estagiou por 18 meses em barril de carvalho. No aspecto visual mostra-se com um vermelho intenso e brilhante. Boa viscosidade. O olfato é marcante, iniciando com frutas maduras, caminhando por notas florais e terminando com carne defumada e toque sutil de pimenta. Na boca (seu ponto forte), é encorpado e muito bem estruturado. Textura aveludada, seus taninos são perfeitamente domados, sem omitirem-se. O final é longo e levemente adocicado.

Eis aí um belo representante da França que, apesar de não ser uma opção propriamente barata, vale a pena ser conhecido.

Marcelo Oliveira


Como o Marcelo descreveu o vinho como sendo “um feliz encontro entre tradição e inovação”, resolvi escolher um artista que também tem sua parcela de tradição, representada pelo Rythm & Blues, mas com um grande toque de inovação, representado pelas suas “pegadas” de Rock´n Roll.

Estamos falando de Stevie Ray Vaughan, norte americano que nasceu em Dallas no dia 03 de outubro de 1954.

Stevie iniciou sua carreira tocando contra-baixo na banda do seu irmão Jimmie Vaughan, até que adquiriu experiência e resolveu formar sua própria banda, o Double Trouble.

A música escolhida é o clássico “Pride and Joy”, faixa do disco “Texas Flood” primeiro disco de Stevie Ray Vaughan & Double Trouble, lançado em 1983.

Seu estilo musical foi fortemente influenciado por nomes do blues e do rock, como Albert King, Jimi Hendrix, Freddie King e Albert Collins.
Stevie morreu em 27 de agosto de 1990, vítima de um acidente de helicóptero quando seguia para uma apresentação no Alpine Valley Music Theatre, onde na tarde anterior havia se apresentado ao lado de Robert Cray, Buddy Guy, Eric Clapton e seu irmão Jimmie Vaughan.

Stevie Ray Vaughan se foi, mas os seus clássicos como “Pride and Joy” permanecerão vivos para sempre.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Aromas Inconfundíveis nos Tintos de Maipo e Rapel - por Ikuyo Kiyuna

Aromas inconfundíveis nos tintos do Maipo e Rapel - por Ikuyo Kiyuna

A minha grande lição, em aromas dos tintos de Maipo, foi com o vinho chileno Stella Aurea, numa degustação double blind, durante a aula de Curso Básico da ABS-SP, em 2006.

Eu acho que o professor teve pena de mim, me vendo cheirar como uma analfabeta tentando ler V – I – N - H – O, pois me disse com ar compassivo do alto da sua cátedra: “aliás, este é o aroma típico dos Cabernets do Maipo”.

Após gastar meia hora para entender, gravei no fundo da minha memória olfativa este aroma inconfundível (cassis + goiaba vermelha) que aparece até nos grandes tintos como o Seña (neste caso, aliás, como "bomba").

Depois disso, fiquei craque em "aroma de maipo", na minha gíria. Numa degustação às cegas na aula de tintos com Alexandra Corvo (foi em 2007 ou 2008?), eu comentei que o tinto era de Maipo, mas na verdade era de Rapel.

Foi a segunda lição: gravei na memória olfativa o "aroma de rapel", uma versão mais light, tipo clima temperado de Maipo (cassis + leve goiaba vermelha + herbáceo).

Com estas duas pequenas lições fundamentais, tive oportunidade de testar a minha expertise de (alguns) tintos do Chile. Numa degustação às cegas da nossa confraria - tema, o Syrah do mundo - identifiquei, entre os 10 vinhos, o Syrah do Chile.

Logo depois, teve degustação similar na ABS-SP e identifiquei de imediato o Syrah chileno. Um dos diretores, fera de degustação, comentou que nunca tinha visto um Syrah com este aroma e eu disse para mim mesma: pois eu já vi!

E finalmente, durante o ProChile (25/agosto/2009), degustando os vinhos com o mapa do Chile na mão, vi que os tintos chilenos apresentam quatro gradientes aromáticos básicos: o primeiro (vinhos do norte, perto de Atacama), o "aroma de maipo", "o aroma de rapel" e o quarto (vinhos do sul, de clima temperado). Os aromas 2 e 3 aparecem principalmente em Cabernet Sauvignon, mas em outras cepas tintas como Syrah ou Carmenère, em menor grau, mas detectável, uma vez apreendido.

Acho que este conhecimento é intransferível como uma experiência pessoal. E nem tão óbvio como foi aqui contado, pois com vinho, nunca é exato, repetível, definitivo: um mundo complexo e fascinante.

Ikuyo Kiyuna
Engenheira Agrônoma e Mestre em Economia Agrária. Detentora de Wine & Spirit Education Trust (WSET) Advanced Certificate in Wines and Spirits emitido pela Qualifications and Curriculum Authoriy de Londres.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O Vinho e a Pintura! Giuseppe Arcimboldo

Nesta tela chamada «Autunno» (Outono) Giuseppe Arcimboldo que nasceu na Itália, provavelmente em 1527 e morreu em 1593 (também provavelmente), as uvas representaram os cabelos, a cabeça coroada lembra antigas representações de Baco e o busto é representado por uma barrica. O início do surrealismo?
Fonte:www.papodevinho.blogspot.com

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Paso Del Sol - Sauvignon Blanc 2007


Durante a minha eterna busca por vinhos novos e diferentes, acabei encontrando o Empório Vinis, na cidade de Itatiba, onde fui atendido pela Mariana que me apresentou os vinhos produzidos pela TerraMater lá no Chile.

São vinhos bem interessantes, tanto que acabei comprando 5 garrafas variadas para provar. Aos pouco vou postar todos eles aqui no blog, começando por este branco.

O Vinho: Paso Del Sol

Safra: 2007

Uvas: 100% Sauvignon Blanc

Comentários:
Na taça mostrou uma cor palha, límpido e brilhante, com reflexos esverdeados.

No nariz surgiram aromas de boa intensidade que lembravam maçã verde e abacaxi, com notas cítricas, um toque herbáceo e com uma baunilha bem leve e bem integrada no conjunto.

Na boca tinha um corpo leve com uma acidez corretíssima, saboroso, equilibrado e com boa persistência.
A princípio mostra uma certa untuosidade, que logo é diminuída pela acidez.

Deixou no fundo da taça aromas acentuados de baunilha, revelando alguns meses de descanso em barricas.

Na minha opinião este é um vinho simples, mas mesmo assim se revelou uma ótima pedida para o dia a dia.
Vale a pena conhecer!