quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Uva Carignan - por André Logaldi


A uva Carignan - por André Logaldi

A uva Carignan tem uma provável origem espanhola, onde pode ser chamada de Cariñena (em Aragón) ou Mazuelo (Rioja), apesar de ser a uva tinta mais plantada da França com cerca de 100 mil hectares (já teve quase o dobro, quase 212 mil hectares até 1968, mas muitos vinhedos foram arrancados). Tanto na França como na Espanha é mais utilizada em cortes do que na elaboração de vinhos varietais.

Largamente distribuída na quente região francesa do Languedoc-Roussillon, esta uva pode ser plantada em planícies onde dá altíssima produção (200 hectolitros por hectare) com baixa qualidade ou nas encostas, quando mostra melhor seu bom potencial (30 a 70 hectolitros por hectare).

Como quantidade é inversamente proporcional à qualidade, pode se entender porque ela acabou sendo abandonada, sobretudo nas planícies do sul da França.

No Velho Mundo ainda é plantada na Itália, chamada de Carignano, presente na Lombardia e sobretudo na ilha da Sardenha e também em Portugal (Ribatejo) e na Grécia. No Novo Mundo pode se encontrada na Argentina, Califórnia e sobretudo no Chile, país que mostra bons varietais, como da vinícola Odfjell, ou cortes em que ela predomina, como por exemplo em alguns vinhos da vinícola Morandé.

Esta uva tem um amadurecimento tardio, gosta de regiões ensolaradas e tem a pele bem espessa. Seus vinhos são bem carregados em cor, teor alcoólico relativamente alto, boa acidez, uma carga tânica moderada e aromas de frutas escuras, ameixas, pimenta e um descritor no mínimo curioso, que é o aroma de tinta (lembra nanquim), que pode estar presente em vinhos com forte extração de fenóis das cascas (macerações longas ou técnicas violentas de extração).
André Logaldi é médico cardiologista, enófilo, diretor de degustação da ABS-SP, colaborador da revista Wine Style, revisor técnico de livros sobre vinhos.

Nenhum comentário: