sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Degustação ás Cegas: Cortes Bordaleses pelo Mundo - por Ikuyo Kiyuna


No dia 15 de julho passado participei de uma degustação de vinhos tintos de cortes bordaleses do mundo - comandado pelo competentíssimo André Logaldi - na ABS-SP.


Os cinco vinhos de diferentes países de origem foram:


- Viña Alicia Morena 2003 do produtor Peñiwen S.A. (Luján de Cujo/Argentina, 14%);

- Paul Sauer 2005 do produtor Kanankop Estate Wine (Simonsberg Stellenbosch/África do Sul, 14,5%);

- Sideral 2003 do produtor Altair Vineyard & Winery (Cachapoal/Chile, 14,5%);

- Burdese 2005 do produtor Planeta S.S (Sicília/Itália, 14,5%);

- Calchetas 2005 do produtor Bodegas Viña Magaña S.L (Navarra/Espanha, 14,5%).


A degustação foi às cegas sendo os vinhos servidos um a um com um tempo suficiente para degustação e análise individual.


Taça 1.

Cor: rubi levemente evoluído.

Nariz: geléia, especiarias, herbáceo, tostado.

Boca: boa acidez, taninos rústicos com leve amargor, persistência média.

Retrogosto: licor lácteo. Sobrou álcool.

(nota: 88 pontos)


Meu chute: aqui tem algo de “aroma de Bordeaux” mesmo com esta geléia: acho que é o Planeta.


Taça 2.

Cor: rubi escuro.

Nariz: de imediato, “aroma de Rapel”, isto é, cassis + goiaba vermelha + herbáceo.

Boca: acidez média, taninos finos, chocolate, cassis, persistência média.

Retrogosto: muita madeira na boca, desagradável.

(nota: 88 pontos)


Minha avaliação: com este “aroma de Rapel”, só pode ser o chileno!


Taça 3.

Cor: rubi.

Nariz: Cassis, herbáceo fino.

Boca: acidez média, sobrou álcool, persistência média.

(nota: 89 pontos)


Meu chute: sugere vinho de clima frio, algo de Bordeaux: sul africano?


Taça 4.

Cor: rubi denso.

Nariz: geléia de frutas vermelhas, floral depois de muito tempo na taça.

Boca: boa acidez, longo, complexo, retrogosto lácteo.

(nota: 90 pontos)


Meu chute: este retrogosto lembra muito o jeito dos vinhos espanhóis, algo de carvalho americano.


Taça 5.

Cor rubi evoluído.

Nariz: pouca fruta, algo de geléia, evoluído.

Boca: boa acidez, taninos amargos, sobrou álcool.

Retrogosto: lácteo.

(nota: 85 pontos)


Meu chute: este vinho ”passou do ponto” de evolução, só pode ser o Viña Alicia Morena 2003, pois o outro vinho da mesma safra é com certeza o chileno.


Claro que o raciocínio não foi assim tão linear e simples, tive que rascunhar várias vezes a cada vez que era acrescentado um vinho na lista.

Justiça seja feita, em nome do aprendizado, em relação ao vinho de Navarra: foi o único a merecer “boa acidez, longo, complexo, lácteo”. No meu critério objetivo, são indicadores de vinhos que merecem 90 ~ 94 pontos. Mas o impacto inicial não era favorável, por causa da “geléia” e os aromas finos tipo floral, licor de cassis, balsâmico, apareceu muito tempo depois na taça, quando já tinha até desistido.

Esta demora, analisando em retrospectiva, é até indicador da capacidade de evolução na garrafa deste vinho, sinal positivo de que tem estrutura para evoluir. Mais uma lição aprendida neste complexo mundo do vinho.

Mesmo sem ter muita certeza, identifiquei todos os vinhos. Valeu!


Ikuyo Kiyuna
Engenheira Agrônoma e Mestre em Economia Agrária. Detentora de Wine & Spirit Education Trust (WSET) Advanced Certificate in Wines and Spirits emitido pela Qualifications and Curriculum Authoriy de Londres.

2 comentários:

Unknown disse...

Que chileno, se não havia nenhum?

O Tanino disse...

Jorge,

erro resolvido.......o Altair é o vinho chileno.
Obrigado pelo toque

Um abraço

Jean